É sempre uma descoberta maravilhosa conhecer mais uma aldeia que integra a Rede das Aldeias Históricas. São lugares com muita História, conhecimento e valorização do património.
Ficamos encantados com Castelo Rodrigo, que em março adquire uma tonalidade ainda mais bonita por causa das amendoeiras em flor.
Uma aldeia repleta de História que, entre 1209 e 1836, foi sede de concelho, até ter sido transferida para a povoação de São Vicente Mártir, atualmente designada Figueira de Castelo Rodrigo.
Castelo Rodrigo esteve umas vezes sob a soberania do Reino de Leão e outras, de Portugal. Em 1383/85, posicionou-se ao lado de Castela e teve como castigo real, inverter as armas no brasão da vila e ficar dependente de Pinhel.
O mesmo voltou a acontecer durante o período filipino, quando Filipe de Espanha enviou Cristóvão de Moura, natural da terra, para angariar apoios para ascender ao trono de Portugal dando-lhe como recompensa o cargo de vice-rei em representação da coroa espanhola e o título de marquês de Castelo Rodrigo. Aqui mandou construir um palácio que foi destruído após a Restauração, pelo povo revoltado.
À semelhança de Ávila, Castelo Rodrigo está rodeado por uma cintura amuralhada inicialmente composta por 13 torreões, atualmente em ruínas, mas classificadas como Monumento Nacional. Mantém a sua traça medieval, que irradia da alcáçova e acompanha a topografia. Pelas suas ruas existem casas interessantes, umas manuelinas, outras construções árabes, para além da cisterna, de 13 m de fundo, com uma porta em arco de ferradura e outra ogival.
É sempre com muito prazer e satisfação que percorremos as ruas e calçadas destas aldeias em busca do que aconteceu no passado e do que acontece atualmente. Aprendizagens muito significativas também para as “Pequenas”, que nestes lugares compreendem melhor o que lhes é transmitido nas aulas de História na escola.
Para Ver
Bombardeiras cruzetadas
Estas bombardeiras em forma de “T”, eram postos de vigilância e defesa da Alcáçova.
Casa da Câmara
Criada na sequência das reformas Manuelinas, foi edificada junto ao pelourinho e da igreja matriz.
Casa da Misericórdia
Apenas existem as ruínas das edificações pertencentes a esta importante instituição, localizada na rua da Misericórdia.
Castelo
O recinto muralhado medieval apresenta panos de muralha do séc. XIII e seguintes, embora a fortificação não seja referida em 1055, aquando da conquista aos mouros por Fernando de Leão, no entanto, subsistem ainda duas portas em arco quebrado, designadas por Porta do Sol e da Traição e uma em arco de berço no largo de S. João. A fortificação foi sofrendo várias alterações, tendo o rei D. Dinis sido o mentor das reformas, como as efetuadas na porta de entrada do castelo, ao acrescentar-lhe balcão com mata-cães e o torreão quadrangular, no qual colocou o seu brasão. Posteriormente, o livro de Duarte D´Armas mostra o estado de ruína da fortificação o que levou D. Manuel I a ordenar a recuperação das muralhas e a atribuir foral novo em 1508, verificando-se que as entradas existentes na Rua da Cadeia, nomeadamente, a Porta da Alverca, são posteriores a esta intervenção.
No flanco NW do interior das suas muralhas existe um “assento” escavado na rocha, que a população conhece por “Cadeira do Rei”. Em 1922 foi classificado como Monumento Nacional, e apesar de ter sido restaurado na década de 40, apenas recentemente foi objeto de um programa global de intervenção por parte do poder público, com o apoio das Aldeias Históricas de Portugal.
Cisterna Medieval
Imóvel representativo da influência judaica em Castelo Rodrigo, acredita-se que poderá ter sido uma antiga sinagoga, utilizando-se uma parte para o culto, e outra como Mikvé que se destinaria a banhos litúrgicos. Com cerca de 13 metros de profundidade, possuí duas entradas – uma de estilo gótico e outra, com um arco em forma de ferradura, de estilo árabe. A destruição da sinagoga terá ocorrido aquando da expulsão dos judeus, ordenada por D. Manuel I, tendo sido reaproveitada posteriormente para cisterna/reservatório de água.
Cubelos/ Torreões Semicirculares
No século XII os castelos de iniciativa portuguesa foram construídos quase exclusivamente por torreões de planta quadrada.
A linha de muralhas está alicerçada sobre cubelos semicirculares, que fazem recordar a cerca de Ávila, terão sido erguidos por iniciativa de Afonso IX de Leão.
Igreja Matriz
A Igreja Matriz, é dedicada a Nossa Senhora do Rocamador, e foi fundada no século XIII pela Confraria dos Frades de Nossa Senhora de Rocamador, uma congregação que se dedicava à assistência aos peregrinos compostelanos. O Imóvel mantém a tipologia primitiva, é um exemplar de transição entre o românico e o gótico, mas foi sofrendo obras posteriores, nomeadamente nos séculos XVI e XVII, que alteraram a estrutura do templo.
Possui planta composta, três naves, pórticos de verga reta e frontão angular. No seu interior podemos admirar um teto de caixotões de madeira pintada com cenas hagiográficas, na capela-mor azulejos do século XVIII, azuis e brancos e no altar-mor azulejos hispano-árabes. A Igreja foi restaurada no final dos anos 90 no âmbito do Programa Aldeias Históricas de Portugal.
Padrão da Restauração
Monumento que representa a participação ativa de Castelo Rodrigo na Restauração da Independência, a 10 de Dezembro de 1640. O cerco que lhe foi movido a 25 de Junho de 1664 e a subsequente batalha travada a 7 de Julho.
Palácio de Cristóvão de Moura
Cristóvão de Moura, foi uma figura-chave da diplomacia durante a crise de sucessão de 1580. A importância deste homem na administração de Portugal durante o domínio filipino fica bem patente no facto de Filipe II de Espanha ter elevado a localidade a condado, tendo atribuído o título de conde ao seu Conselheiro predileto, D. Cristóvão de Moura (1594), o qual mandou construir em Castelo Rodrigo o seu palácio no preciso local onde se situava a alcáçova.
Com a Restauração da Independência portuguesa, o palácio, símbolo da opressão espanhola, foi incendiado pela população, encontrando-se atualmente em ruínas. Depois de 1640, com a Restauração da Independência, o paço foi arrasado pela população, que o via como uma marca do domínio espanhol, mesmo tendo o seu promotor falecido há quase três décadas. Com relevância militar ainda nos séculos XVIII e XIX, o palácio sofreu obras de consolidação, mas só muito recentemente foi alvo de uma intervenção “consolidação da ruína”, promovida pelo IPPAR com o apoio das Aldeias Históricas de Portugal, constituindo hoje um espaço simbólico onde é possível promover eventos de índole cultural.
Pelourinho
Com a atribuição de foral a Castelo Rodrigo por D. Manuel I, é consolidado o seu poder concelhio bem como a sua autonomia jurídica e administrativa, tendo-se erguido o Pelourinho, assente sobre os cinco degraus que constituem o seu trono. Os dois inferiores possuem forma quadrangular e, os dois seguintes são octogonais, servindo o último de plataforma à coluna que tem oito lados e remate superior quadrangular.
Uma moldura, em cordão, contorna a parte superior do fuste proporcionando-lhe um maior volume. Aqui repousa a gaiola de forma octogonal, decorada com lavores e com chapéu assente em colunelo central e em oito colunelos torsos e canelados, cujos capitéis são de feição manuelina. Como remate possui chapéu de secção circular em forma cónica. Este imóvel foi classificado como Monumento Nacional em 1922.
Porta do Largo de S. João
Porta provida de abóboda de berço e arco pleno, é dada como “entaipada”, nas Memórias Paroquiais de 1758. Possivelmente existiu aqui uma igreja de evocação a S. João Baptista, visível na representação de 1508 de Duarte D’Armas.
Porta do Sol
Uma das três entradas na Aldeia Histórica, com orientação nascente onde se pode contemplar o convento de Santa Maria de Aguiar, a fronteira com Espanha e o Penedo Durão.
Portal com Inscrição Hebraica
Padieira de casa na Rua da Cadeia n.º 32 onde existe uma inscrição datada do ano 1508, que atesta a presença de uma comunidade de judeus e cristãos-novos em Castelo Rodrigo.
Porta Monumental do Palácio
Porta Monumental do Palácio, em estado ruinoso, que foi apensa às duas torres que protegem a porta principal da entrada no castelo, deve datar do final do século XVI quando a estrutura defensiva foi transformada em palácio residencial.
Torre Albarrã
A mais setentrional torre Albarrã conhecida em território português. Representa um sistema militar introduzido na península pelos Muçulmanos. Encontra-se atualmente em ruínas, sendo possível visualizá-la na representação de Duarte D’Armas.
Torreão Quadrangular
Estrutura enigmática de uma antiga torre adossada pelo interior do pano de muralha, encontrando-se atualmente em ruínas.
Torre de Menagem
Símbolo de poder e morada do donatário do castelo mandada edificar por D. Diniz, de extraordinária grandeza e altura, é quadrangular e tinha seis janelas rasgadas e gradadas. Encontra-se em estado de abandono desde o século XVIII. Terá sido demolida no século XIX, podendo ainda ser observado o embasamento original.
Onde Comer
Páteo do Castelo/ Sabores do Castelo
O Páteo do Castelo é um espaço que integra um bar muito charmoso e uma esplanada fantástica, e serve refeições ligeiras.
O Sabores do Castelo é um local dedicado à venda de produtos gastronómicos da região, de alta qualidade, como as muitas variedades de amêndoa, azeite, mel, compotas, entre outras iguarias igualmente deliciosas.
Taverna da Matilde
Lugar acolhedor e especial, com decoração singela, à imagem das antigas tabernas, com mesas, em madeira, toalhas com quadrados, uma balança em ferro, uma antiga peneira, uma arca de madeira, numa associação ao mundo rural, apresenta uma gastronomia recheada de saborosos produtos regionais, e está localizada no centro de Figueira de Castelo Rodrigo.
Fazem parte ainda do edifício e do conceito o restaurante Arco-Íris e um alojamento local.
A Cerca
Espaço simples e familiar, localizado em Figueira de Castelo Rodrigo, apresenta pratos regionais bem confecionados e um serviço competente. Dispõe de uma simpática esplanada.
O Lagar
Localizado numa pequena localidade a cerca de 5km de Figueira de Castelo Rodrigo, o restaurante está instalado num antigo lagar de vinho e oferece maravilhosas entradas, à base de queijos e enchidos, acompanhadas por pão cozido em forno de lenha. E depois prossegue, com alguns dos pratos mais emblemáticos da região, local onde se come bem e barato, em doses generosas.
Para Ficar
Casa da Amendoeira
Uma estadia maravilhosa, onde o património arquitetónico e a natureza são a riqueza desta magnífica casa. Aqui existem pequenos detalhes que foram pensados para acolher os hóspedes com maior conforto. A decoração atraente, melodiosa, suave e inesperada proporciona momentos distintos.
Casa da Cisterna
Espaço muito bonito em pleno contacto com a natureza, uma casa que consegue unir o passado e o presente. Nove quartos e duas suites, carinhosamente recuperados e adaptados a uma nova vida, uma piscina e uma varanda com vista imensa (para tomar o pequeno-almoço ou jantar) fazem desta unidade uma excelente opção de alojamento.