Imaginem um destino repleto de paisagens de tirar o fôlego, história e costumes. Já imaginaram? Então, e se a estes três ingredientes pudermos acrescentar um vasto património, boa gastronomia, gente acolhedora e tradições. Esse destino tem um nome e é conhecido como o “local onde Portugal se fez”. Estamos a falar do lindíssimo Concelho de Arcos de Valdevez.
Situado no distrito de Viana do Castelo, na região do Alto Minho, é sede de um município e está rodeado por bucólicas aldeias, paisagens exuberantes, maravilhas naturais e trilhos sublimes, tudo isto vigiado pelos picos silenciosos das montanhas do Gerês.
Escusado será dizer que há imenso para ver e fazer por estas terras, sendo possível passar por aqui uma boa temporada sem se aborrecerem minimamente. Até porque Arcos de Valdevez não convida a pressas!
Chegamos num final de tarde para o que se avizinhava ser um fim de semana fabuloso em família e na companhia de mais quatro famílias de bloggers de viagem.
Esperavam-nos os famosos “Cacharoletes” no Espaço “Vinhos e Sabores” em pleno centro da vila, junto ao rio Vez. Estávamos expectantes! O “Cacharolete” é uma bebida refrescante, muito apetecível nesta época do ano. Expectativas superadas, portanto!
Para além desta bebida, também nos intrigavam as “Combinações Improváveis” às sextas-feiras no Transladário. O que nos chegaria à mesa?
Tal como o nome indica, combinações improváveis. Bolo do tacho com supremacia vegetariana, bolo do tacho com queijo de cabra, bolo do tacho com farinheira e compota, entre outras, igualmente deliciosas. A acompanhar estas iguarias, os famosos néctares da região, que têm por base a monocasta Loureiro, um regalo para o palato!
Não estava mal para começar. Arcos de Valdevez é assim, aprimorado na arte de bem receber!
Daqui, seguimos para o restaurante “Romanza”, uma pizzaria ao estilo italiano que fez, sobretudo, as delícias dos mais pequenos. Com a noite a cair a passos largos, encaminhámo-nos para o “Luna Arcos Hotel”, onde ficámos hospedados.
O sol já se erguia no céu com os seus raios luminosos quando nos levantámos. À nossa espera um delicioso e bem composto pequeno almoço para nos dar a energia que iríamos precisar nesse dia.
Primeiro local a visitar. Nada mais, nada menos que o deslumbrante Parque Nacional da Peneda Gerês e as suas fabulosas montanhas. Quando vamos para a montanha corremos o risco de presenciar paisagens fantásticas. No Gerês, não é exceção, tendo sido portanto, a anfitriã do passeio do primeiro dia.
Numa relação muito íntima com a Natureza que o envolve, está o Parque da Porta do Mezio, uma das cinco “portas” de entrada no Gerês. Esta “porta”, dedicada à Conservação da Natureza e da Biodiversidade é uma estrutura de apoio ao Parque Nacional da Peneda Gerês com toda a informação sobre a região, diversos equipamentos e atividades para fruir da Natureza como, arborismo, slide, andar a cavalo entre outras. Os nossos pequenos divertiram-se imenso a explorar o espaço e nos desportos de aventura. Os adultos também desfrutaram bastante!
Nas imediações, há para ver o Núcleo Megalítico do Mezio cuja estrela é a Anta do Mezio, um túmulo pré-histórico com cerca de 5000 anos e a Estação Arqueológica do Gião que reúne um conjunto de notáveis manifestações de arte rupestre.
Antes de partir, houve ainda tempo para um pequeno percurso até ao famoso Baloiço do Mezio, o maior baloiço de Portugal, o qual proporciona vistas 360º soberbas sobre todo o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Seguiu-se um delicioso almoço no restaurante do Parque Porta do Mezio, onde degustámos algumas das iguarias locais como a posta da Cachena, uma raça autóctone. No final do almoço fizemos uma visita às luxuriantes lagoas de Travanca e seguimos viagem.
Nesta mão-cheia de motivos para conhecer o Gerês, cabe também uma vila repleta de tradições e costumes. Estamos a falar da deslumbrante Vila de Soajo com os seus típicos espigueiros. Soajo mantém orgulho na sua História e na sua identidade.
Num cenário natural de rara beleza, Soajo conta com 24 espigueiros seculares na eira comunitária, assentes num afloramento rochoso muito interessante. O centro também merece uma visita e os destaques vão para o pelourinho, a igreja matriz, o café central, a casa da junta e o pão-de-ló do Soajo, o melhor pão-de-ló que já provamos.
Com o dia a encaminhar-se para a reta final, fomos conhecer o lindíssimo Poço Negro ali bem perto de Soajo, para depois nos deliciarmos, mais uma vez, com a gastronomia local no restaurante “Saber ao Borralho”.
Aqui, os pratos desfilam sem pressas. Numa homenagem aos produtos locais, a ementa conta com deliciosas sugestões preparadas pelas experientes mãos da simpática cozinheira. O dia terminou, portanto, de forma muito agradável com um maravilhoso convívio à volta das iguarias típicas de Arcos de Valdevez.
Um novo dia começava e com isso, muitas experiências nos esperavam. O Paço de Giela foi o espaço que nos acolheu logo pela manhã. Trata-se de um exemplar de arquitetura civil privada medieval que revela a sua longevidade, desde a torre medieval com elementos românicos e góticos, às janelas manuelinas. A casa-torre acolhe um museu com achados arqueológicos que provam a ocupação do território desde há milénios até ao presente.
Está implantado num pequeno outeiro na margem esquerda do Rio Vez, com vistas desafogadas sobre o vale e proporciona uma espécie de viagem no tempo, com recurso a uma aplicação multimédia interativa que permite acompanhar as diferentes fases de construção e remodelação do monumento, desde o século XIV até ao século XVIII.
Sob a orientação do simpático e entusiasmado anfitrião, fomos conduzidos pela História de um dos mais bonitos monumentos da região. Mostrou-nos e falou-nos sobre os mais variados aspetos relacionados com o Paço, evidenciando o chamado Torneio de Arcos de Valdevez também conhecido por “Recontro de Valdevez”, um importante e decisivo episódio da História de Portugal ligado aos primeiros tempos da nacionalidade, anterior à celebração do Tratado de Zamora em 1143, e do porquê da expressão “Arcos de Valdevez onde Portugal se fez”, a qual se relaciona precisamente com este famoso torneio da História. Passamos a explicar:
Estávamos no ano de 1141 quando Afonso Henriques, futuro rei de Portugal, invade e conquista parte do território galego, uma provocação ao seu primo Afonso VII, imperador deste território. Em resposta a tal provocação, o exército espanhol avançou sobre o Condado Portucalense, concretamente sobre Arcos de Valdevez, estando a batalha iminente. No entanto, e após conversações ambos decidem trocar o combate pela realização de um torneio, o Recontro de Valdevez, do qual saíram vitoriosos os portugueses, concedendo desta forma, a independência a Portugal. É por este motivo que, atualmente, Arcos de Valdevez utiliza a referida expressão.
Absorvidos pela História, fizemos uma visita demorada pelo espaço, enquanto, os mais novos ouviram uma história e relaxaram ao som das taças tibetanas.
Numa paisagem marcadamente rural escondem-se lugares únicos. É no seio destas paisagens, em pleno centro da vila, que corre um rio ideal para a prática de desportos aquáticos, como kayak que proporcionou momentos de grande diversão.
Foram braçadas e braçadas que nos levaram rio acima e depois rio abaixo e, que nos preparou para o momento seguinte, o de repor as energias gastas. Para isso, nada melhor do que o restaurante “A Floresta” mesmo ali ao lado. Depois entramos numa vila repleta de encantos característicos do Alto Minho, mais precisamente no centro histórico marcado por uma arquitetura barroca.
Começamos pelo conjunto arquitetónico da Santa Casa da Misericórdia e Igreja da Misericórdia em estilo barroco em frente da qual reside um Cruzeiro setecentista. Avançamos até ao mais recente espaço cultural e pedagógico de Arcos de Valdevez, as Oficinas Criativas Padre Himalaya, um local que presta homenagem à personalidade e legado do Padre Himalaya, um dos maiores cientistas portugueses da viragem do século XIX, um homem muito à frente para a época.
De seguida, encaminhámo-nos para o Relógio de Água, um dos ex-libris de Arcos de Valdevez que se encontra no centro do Largo da Lapa, próximo da Igreja de Nossa Senhora da Lapa construída em 1767, em estilo barroco.
Para o final do dia e, antes da partida, estava agendada uma visita a um dos espaços de referência na arte da doçaria, tendo mesmo, elevado o nome de Arcos de Valdevez no panorama da doçaria regional portuguesa com os afamados “Charutos dos Arcos”, distinguidos com o 1º prémio no concurso das Sete Maravilhas de Portugal na área dos doces típicos. Trata-se de um doce de origem conventual, com forma cilíndrica, semelhante a um charuto, em massa de hóstia e recheio com creme de ovos, e pode ser apreciado na Doçaria Central.
A despedida fez-se, portanto, ao sabor dos “Charutos dos Arcos” acompanhados de um fabuloso champanhe casta Loureiro, a combinação perfeita que marcou o desfecho de um fim de semana em família maravilhoso em Arcos de Valdevez, com a promessa de regressarmos em breve para ver e sentir o tanto que a região tem para oferecer.
Outros Pontos de Interesse na Vila
Ainda na vila, a viagem poderá continuar pela Capela de Nossa Senhora da Conceição, o monumento religioso mais antigo de Arcos de Valdevez, de arquitetura de transição entre o românico e o gótico.
Na Praça Municipal encontra-se um conjunto de monumentos de património civil como, o Pelourinho, o Tribunal e a Câmara Municipal. Mais à frente, a Igreja Matriz de estilo barroco dedicada a São Salvador, datada do século XVII e a Capela do Calvário em estilo rococó.
A Casa das Artes e biblioteca fica no Jardim dos Centenários e também merece uma visita, bem como a Ponte da Vila (Ponte Velha), uma imagem de marca de Arcos de Valdevez, o Cruzeiro do Senhor dos Milagres erigido em 1831 a pedido da população.
A Praia Fluvial da Valeta, a Ponte Pedonal e a das Poldras Sobre o Rio Vez são outros pontos a considerar, sobretudo, em dias mais quentes, bem como a Fonte do Piolho e os Jardins do Campo do Transladário.
Outros Pontos de Interesse no Município
Alargando um pouco os horizontes, o concelho de Arcos de Valdevez tem ainda uma panóplia de lugares que merecem ser visitados e uma série de experiências à espera de serem testadas.
Para quem aprecia caminhadas e passeios de BTT, Arcos de Valdevez oferece alguns trilhos fabuloso, como a Ecovia do Vez ou a Ecovia do Ermelo, o Trilho dos Romeiros da Peneda, o Trilho das Brandas do Sistelo, ou os Passadiços dos Sistelo.
Uma viagem ao concelho de Arcos de Valdevez não fica completa sem conhecer as suas aldeias mais emblemáticas. Já falámos de Soajo, mas importa ainda referir que a aldeia de Sistelo, vencedora das 7 Maravilhas de Portugal é um ponto de paragem obrigatório, para conhecer o Castelo do Sistelo, a Igreja Matriz, os Espigueiros, o casario típico de granito, as calçadas de lajes de granito, a Ponte Romana, a Praia Fluvial do Sistelo e os famosos socalcos com os típicos cortelhos e as inverneiras.
Para além das aldeias, o roteiro completa-se com uma visita ao Santuário Nossa Senhora da Peneda, cuja lenda de Nossa Senhora das Neves e a provável edificação de uma ermida no local da aparição, durante o século XIII, deram origem a um forte culto religioso durante a Idade Média, que levou à posterior construção do monumento atual e à romaria que, certamente, é uma das mais afamadas do Alto Minho.
Para Comer
Cozido à Minhota, Cabritinho Mamão da Serra, Carne da Cachena com Arroz de Feijão Tarrestre, Papas de Sarrabulho, Bacalhau à Labrador, Arroz Pica no Chão e Rojões, fazem as delícias de quem visita Arcos de Valdevez.
No que à doçaria diz respeito, saibam que neste município qualquer um entra santo e sai pecador, tantas são as tentações doces. Para começar em grande, os Charutos dos Arcos. Depois, os Rebuçados dos Arcos, o Bolo de Discos, as Cavacas, o Bolo de Mel, os Casadinhos Brancos, a Laranja de Ermelo, o Pão-de-Ló de Soajo… Saudades, foi o melhor pão-de ló que já comemos na vida. Temos de voltar em breve!
Seguem-se os espaços onde estivemos durante o fim de semana:
- Restaurante a Romanza (vila)
- Restaurante Parque Porta do Mezio (Mezio)
- Café Central (Soajo)
- Restaurante Saber ao Borralho (Soajo)
- Restaurante A Floresta (vila)
- Doçaria Central (vila)
Para Ficar
Luna Arcos Hotel
Localizado nas margens do rio Vez, em plena Vila de Arcos de Valdevez, o Luna Arcos Hotel está rodeado de Natureza. Recentemente, foi alvo de uma profunda remodelação, contando com quartos mais confortáveis e acolhedores, todos com uma fabulosa vista sobre a Vila. Os espaços comuns estão mais amplos, confortáveis e sofisticados, e as acessibilidades foram melhoradas.
O hotel dispõe de 3 suites, de 5 suites júnior e de 67 quartos standard. Todos os quartos incluem ar condicionado, uma televisão de ecrã plano por cabo, um minibar e uma casa de banho privativa com secador de cabelo e produtos de higiene. Algumas unidades possuem uma área de estar. Para além disto, possui spa com piscina interior, piscina exterior, jardim e parque infantil, fazendo deste espaço, um espaço muito agradável para uma estadia de excelência na região.
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Nota: Artigo escrito com o apoio do Município de Arcos de Valdevez