Por entre vales e montes em socalcos, inundados de oliveiras e amendoeiras, chegamos a uma das regiões mais bonitas em Portugal. Ao fundo, o rio Douro serpenteia os terrenos moldados pela força da Natureza. Que região fabulosa!
Estamos a falar da região do Alto Douro Vinhateiro, uma terra xistosa, também conhecida como “Terra Quente” ou a “Capital da Amendoeira”. Neste cenário de rara beleza, existe um concelho que dá pelo nome de Vila Nova de Foz Côa que, em tempos, viu o seu nome saltar fronteiras pela descoberta e classificação como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. O motivo? As suas gravuras rupestres paleolíticas ao ar livre descobertas no vale do Rio Côa, um dos maiores centros arqueológicos de arte rupestre da Europa.
Região maioritariamente agrícola, possui um microclima de cariz mediterrânico, permitindo paisagens singulares quando as amendoeiras florescem, preenchendo os campos de branco e rosa. Para além da amendoeira, a paisagem também se reveste de vinha e olivais e aldeias Rurais, xistosas, onde a tradição e costumes ainda prevalecem.
Com um valor Patrimonial de grande interesse, esta é uma zona de grande interesse, onde se encontram vestígios arqueológicos, castelos, castros, igrejas, capelas, pelourinhos, solares, pontes e estradas romanas, que demonstram o marco das populações que aqui habitaram e escreveram a história deste concelho.
O Vale do Côa é um lugar único e de extrema importância para o concelho, pelo fato de possuir obras de arte ao ar livre que remontam à época do Paleolítico, há mais de 25.000 anos, passando pela Pré-História, Proto-História e História.
Para Ver na Cidade de Vila Nova de Foz Côa
A Igreja Matriz/ Igreja de Nossa Senhora do Pranto constitui um ponto de paragem obrigatório para apreciar o pórtico em arco pleno de decoração manuelina (ladeada por dois escudos nacionais), as esferas armilares, uma flor de lis e uma cruz de Cristo. A igreja é composta por três naves, uma capela-mor, uma sacristia e um cartório. No interior da igreja destacam-se os altares barrocos, os caixotões da capela-mor, a imaginária e a inclinação das colunas.
Para além desta igreja, também as várias capelas merecem uma visita, entre elas, destacam-se a Capela de Santa Quitéria (que se pensa ter sido outrora uma sinagoga), a Capela de São Pedro, a Capela de Santa Bárbara e a Capela de Santo António (barroca).
Outros pontos de interesse são também a Casa dos Andrades, a Torre do Relógio, no sítio do Castelo que demonstra a arquitetura militar de outros tempos, o Miradouro Emílio dos Santos, o Pelourinho e o Edifício da Câmara Municipal, bem como o jardim central.
Para Ver no Concelho de Vila Nova de Foz Coa
Quinta do Vesúvio
A Quinta do Vesúvio é um museu a céu aberto. Neste espaço é possível observar práticas ancestrais e artesanais ligadas à produção de Vinho do Porto, nomeadamente a pisa a pé nos grandes lagares de granito na adega.
Museu de Sítio de Ervamoira
O Museu foi inaugurado em 1997 e dá a conhecer os vários núcleos ligados à história do local e à atividade vitivinícola do Douro e a história da Casa Ramos Pinto.
As visitas à Quinta e ao Museu de Ervamoira são organizadas com marcação prévia e conduzidas por um guia.
Miradouro de Santa Bárbara
Localizado em Cedovim, este miradouro, por se situar num local elevado, oferece vistas privilegiadas sobre o rio Douro, assim como sobre as montanhas ao redor. Uma paisagem de cortar o fôlego, um local lindíssimo!
Freixo de Numão
A vila de Freixo de Numão localiza-se num planalto, onde existem as tradicionais casas de granito, ruas estreitas empedradas, pequenas capelas e o Museu da Casa Grande, espaço onde estão expostas coleções de arqueologia (desde o Paleolítico até a Idade Moderna, com especial destaque para o período Romano), de etnografia regional (alfaias e utensílios agrícolas diretamente ligados ao amanho da terra e objetos ligados à panificação, à pastorícia, à produção de vinho, de azeite e de amêndoa) e da história local, através da recolha de materiais e documentação relacionados com a história da antiga sede do concelho. Dispõe de um núcleo da Casa do Moutinho.
Numão
Perto de Vila Nova de Foz Coa, está a localidade de Numão, um importante bastião aquando da ocupação romana, e onde se encontram ainda as ruínas de um castelo do século X, bem como interessantes casas Judaicas.
Aldeia antiga e com uma História rica, com um auge assinalável em plena Idade Média, no entanto, os vestígios podem remontar a uma Pré-História distante, uma vez que já estão inventariados restos de povoados do Calcolítico ao Bronze. Do período de ocupação romana ainda perduram no tempo duas inscrições na rocha granítica, uma junto ao Castelo e outra no lugar da Telheira.
Na Arquitetura Religiosa, saliente-se a Igreja Matriz dos séculos XVI-XVII, de traça românica, a Capela de Santa Teresa datada de 1710 e a Capela de Santa Eufémia, do século XVI, recentemente descaracterizada.
O imponente Castelo de Numão e as suas muralhas são o ex-libris da aldeia. Supõe-se, ser de origem muçulmana embora toda a região tenha sido habitada por lusitanos e, posteriormente, por romanos. Durante a reconquista cristã, D. Afonso Henriques ordenou a reedificação do castelo que originou a estrutura que apresenta atualmente.
No interior existe uma Necrópole com sepulturas cavadas na rocha, junto às ruínas da antiga Capela (ou igreja) de S. Pedro. Durante o século XVI, a povoação deslocou-se das imediações do castelo ficando este ao abandono, degradação que chegou até ao século XX, com torreões em muito mau estado e no interior um amontoado de pedras.
Classificado como Monumento Nacional, procedeu-se a trabalhos de consolidação e reconstrução de muralhas, foi desentulhada a cisterna e recuperada a Torre de Menagem.
Ponte do Pocinho
Ponte rodoferroviária oitocentista, construída sobre o rio Douro e que Vila Nova de Foz Coa a Torre de Moncorvo. Apesar de a sua construção se ter iniciado no final do século XIX, apenas foi inaugurada em 1909. Encontra-se fora de serviço há mais de vinte anos.
Almendra
Em Almendra o destaque vai para a Igreja Matriz / Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, um templo de três naves com uma capela-mor de planta quadrada, uma robusta torre sineira e um portal renascentista emoldurado por dois contrafortes na fachada. A capela-mor é abobadada e os medalhões estão decorados com cruzes. A porta principal é em arco pleno encimado por frontão angular e enquadrado por contrafortes. No interior, o retábulo do altar-mor em talha rococó também merece uma visita.
Um outro ponto de interesse a não perder é a Casa de Almendra / Solar dos Viscondes do Banho. Trata-se de um edifício construído no século XVIII e é considerada um dos melhores exemplos da arquitetura civil barroca. Construída em granito, apresenta uma decoração rococó concentrada nas janelas e na porta principal. Esta construção denota elementos da construção barroca do Douro, influenciada por Nicolau Nasoni. No início do século XIX, instalaram-se aqui as tropas napoleónicas, incendiando depois o edifício em 1810, quando se retiraram. A partir de 1895 sofreu uma reconstrução parcial, por iniciativa do 3º visconde do Banho.
Muxagata
Muxagata é uma freguesia de Vila Nova de Foz Côa que foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX.
Ali, destaca-se o Pelourinho do século XVI, exemplar de Arte Manuelina, e classificado como imóvel de interesse público em 1933.
Castelo Melhor
Castelo Melhor é uma freguesia rural do concelho de Vila Nova de Foz Côa, detentora de um património invejável e situada numa zona de grande beleza natural onde sobressaem os imensos campos de amendoeiras, uma paisagem sem igual, sendo também uma das portas de entrada para o Parque Arqueológico do Vale do Côa.
Castelo Melhor apresenta um património de gravuras rupestres incomparável, de grande interesse e importância, nomeadamente nos núcleos da Broeira, da Fonte Frieira, de Meijapão, de Penascosa, do Vale dos Namorados, da Canada da Moreira e da Canada do Amendoal.
A região apresenta, pois, vestígios de ocupação humana desde tempos muito remotos, tanto nestas importantes gravuras rupestres, como nos muitos vestígios de ocupação humana da Idade do Cobre ou do Bronze, e posteriormente do período de ocupação Romana, como os vestígios de uma via em Penascosa que ligaria a Almendra ou da Villa romana em Orgal.
Suevos, Visigodos e Mouros também terão deixado a sua marca por estas paragens.
De facto, Castelo Melhor passou apenas a fazer parte do Reino Português após o importante Tratado de Alcanizes (1297).
Esta pacata aldeia rural delicia os visitantes com as suas típicas ruas de casario típico de pedra e monumentos como o Castelo, a Igreja Matriz , a Capela de Santa Bárbara ou a Capela e o Miradouro de São Gabriel, de onde se tem uma vista fenomenal.
O Castelo foi, possivelmente, edificado sobre um castro lusitano e conserva ainda hoje alguns panos de muralha, portas, um cubelo e uma cisterna de planta regular. É possível observar o perímetro da muralha que rodeava os pátios interiores e a Torre de Menagem.
Estação Arqueológica do Prazo
Ruínas arqueológicas localizadas em Freixo de Numão que integram uma complexidade de estruturas de ocupações desde do neolítico até à idade média. É possível observar vestígios bem conservados de um templo paleocristão, sepulturas com ossadas de diferentes épocas, uma “estela antropomórfica” de grandes dimensões e um imponente Menir. A presença de uma casa senhorial e da zona balnear testemunham a importância desta “Villa Senhorial Romana”.
Parque Arqueológico Vale do Côa
As gravuras do Vale do Côa, foram identificadas pela primeira vez em 1991, pelo arqueólogo Nelson Rebanda, que acompanhava a construção da barragem do Côa. Tornada pública em 1994, a descoberta provocou grande discussão pois a construção da barragem provocaria a submersão daquela área. Tendo em conta a opinião dos especialistas acerca da importância das gravuras do Côa, o governo português decide abandonar a construção da barragem em 1996. Foi então criado o Parque Arqueológico do Vale do Côa, com o objetivo de proteger e divulgar a riqueza artística e arqueológica do local. Em 1998, a UNESCO classificou os núcleos de gravuras rupestres como Património Mundial, dando a conhecer ao Mundo este tesouro da Humanidade.
O Vale do Côa é o único local no mundo a apresentar manifestações artísticas de diversos momentos da Pré-História, Proto-história e da História, nomeadamente o mais importante conjunto de arte paleolítica ao ar livre até hoje conhecido, um verdadeiro museu a céu aberto.
Desde a sua descoberta, em meados da última década do século XX, até aos dias de hoje foram identificadas mais de 1200 rochas com gravuras rupestres, numa área com cerca de 200 kms2 que abrange os concelhos de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Mêda.
A grande maioria dos motivos rupestres localiza-se em rochas de xisto, mas também existem gravuras e pinturas sobre granito. As técnicas utilizadas para a gravação eram comuns na altura, semelhantes a técnicas identificadas em gravuras encontradas em Espanha e França, como a incisão filiforme, picotagem, abrasão e raspagem. Quanto às temáticas representadas, os animais são as figuras mais comuns como, cavalos, vacas, cabras e veados, representados de forma isolada ou em grupo.
Apesar de existirem mais de 80 sítios com arte rupestre, distribuídos numa extensão de cerca de 30 km na margem do rio Côa e cerca de 15 km ao longo do rio Douro, estão abertos ao público apenas três núcleos de gravuras: Canada do Inferno (freguesia de Vila Nova de Foz Côa e o primeiro local a ser identificado), Penascosa (freguesia de Castelo Melhor) e Ribeira de Priscos (freguesia de Muxagata).
As visitas têm a duração média de 2h, com número limitado de visitantes por dia, pelo que é necessário efetuar reserva com pelo menos oito dias de antecedência. Os visitantes são acolhidos nos Centros de Receção instalados na própria sede do Parque e nas aldeias de Muxagata e de Castelo Melhor. Nesses Centros de Receção, o visitante pode adquirir o seu bilhete (após reserva), consultar e adquirir material de informação, divulgação e promoção, e de seguida partir para a visita, geralmente em grupos de oito pessoas, em transporte do próprio parque. O Parque Arqueológico do Vale do Côa encerra ao público às segundas-feiras e nos seguintes feriados: 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio e 25 de dezembro.
Museu do Côa
Antes de partir para o terreno, aconselha-se uma visita ao Museu do Côa, um espaço perfeitamente enquadrado na paisagem entre os rios Douro e Côa, onde se pode compreender melhor a arte rupestre.
Ali descobre-se e compreende-se, recorrendo a amostras, réplicas e novas tecnologias, o valioso património que se estende por aquela região e que constitui o mais importante conjunto de gravuras rupestres paleolíticas ao ar livre do mundo.
O Museu do Côa está aberto de terça a domingo das 09h às 12h30 e das 14h às 17h30.
Para Comer
A gastronomia de Vila Nova de Foz Côa é bastante apaladada e rica em pratos variados, constituída por produtos vindos dos férteis solos, como vegetais e fruta bem fresca, e o afamado vinho, com o famoso “Barca Velha”. O Azeite da região é igualmente o produto merecedor de destaque. O Peixe fresco do Rio Douro, o Cabrito assado, pratos de caça e a carne de porco, são igualmente presenças habituais na cozinha da região.
Restaurante Côa Museu
Inserido numa paisagem que dispensa apresentações, o restaurante Coa Museu, abre-se como uma varanda para o Douro e para os geométricos socalcos de vinha e oliveira que o acompanham e que, afincadamente, caracterizam a região de Vila Nova de Foz Coa.
Para além da inigualável vista, o restaurante propõe a degustação da rica gastronomia regional que, de mãos dadas, com os afamados vinhos do Douro Superior completam a refeição de quem escolhe este espaço para regalar os sentidos.
O restaurante está integrado no majestoso edifício que alberga o Museu do Coa, a poucos quilómetros do centro da pequena cidade, no Parque Arqueológico do Vale do Coa, no qual se localizam diversas gravuras em pedra datadas do Paleolítico Superior.
Para Ficar
Bairro do Casal
Era uma vez uma aldeia encaixada num vale abrupto, bem próxima do rio Douro, rodeada de hortas, vinhas, amendoeiras e oliveiras, onde desfrutar da natureza e numa região de rara beleza paisagística é um privilégio. Nessa aldeia existe um alojamento que preserva a rusticidade do local, sem nunca descurar o conforto e as comodidades indispensáveis a uma estadia fantástica.
Foi com o objetivo de conservar o património rural da aldeia, que Anabela Costa e a sua família reconstruiram várias casas salvaguardando integralmente a sua traça inicial,
os materiais e técnicas de construção características da região. O seu compromisso é a satisfação total do cliente. Fornecem documentação sobre a região, excelente acolhimento do staff, serviço de quartos e de refeições ligeiras, e possibilidade de transfers.
Situada na aldeia de Murça, em Vila Nova de Foz Côa, a cerca de 12Km do centro da cidade, este alojamento possui uma localização privilegiada para conhecer a região do Alto Douro Vinhateiro e o Vale do Côa.