Estivemos na bonita e isolada vila de Montalegre, a propósito das Sexta-feiras 13, Noite das Bruxas, que há muito ganhou fama, fama essa, que já invadiu todo país e que inclusive até já transcendeu fronteiras. Mas já lá vamos.
Primeiro queremos mostrar um bocadinho daquela que é uma região agreste, mas ao mesmo tempo bonita, e que deslumbra com paisagens de perder de vista, recantos fabulosos, gastronomia de excelência, e muito misticismo.
Localizada na região de Trás-os-montes, Montalegre é uma vila que pertence ao distrito de Vila Real. É um município raiano, em que uma parte do concelho faz parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, região que oferece paisagens arrebatadoras, onde a Natureza ainda conserva todo o seu encanto. Zona muito pluviosa e com muitas nascentes, as suas águas dividem-se no planalto dando origem aos rios Cávado, Tâmega, Rabagão e a um grande número de ribeiros que atravessam esta região montanhosa e dão vigor aos prados naturais.
Montalegre é famosa pela produção de enchidos e presunto, sendo a Feira do Fumeiro que se realiza anualmente em Janeiro, a oportunidade ideal para adquirir estas iguarias.
Terra de tradições, lendas e curiosidades, organiza eventos como o congresso de medicina popular (setembro), em Vilar de Perdizes; os jogos populares maio), no Barracão; a matança do porco (dezembro e janeiro) a serrada da velha em Tourém e Vilar de Perdizes e as mediáticas Noite das Bruxas (Sexta-feira 13), um dos maiores espetáculos culturais, que atraem cada vez mais visitantes.
Esta vila transmontana situa-se nas terras altas de Barroso, que incluem as serras do Gerês, do Larouco e do Barroso, e formam uma zona natural de serras, carvalhais, rios e ribeiros, árida e ao mesmo tempo fértil, locais por onde vagueiam e se alimenta o gado bovino da conhecida raça Barrosã.
O artesanato está muito ligado à região de Barroso, vivendo ainda no concelho alguns artesãos. Destacam-se as típicas capuchas, as típicas croças (capas de junco) e as capas de burel.
Para Ver
Castelo de Montalegre
O Castelo de Montalegre é uma das principais referências arquitetónicas do concelho. Foi fundado no século XIII e reedificado em 1331, constituindo um ponto estratégico na defesa da fronteira, tendo assumido um papel interventivo na crise de 1383-85 e na Guerra da Restauração.
Implantado numa das zonas mais altas da vila, num pequeno outeiro, proporciona um cenário verdadeiramente encantador. Está classificado como Monumento Nacional.
Ecomuseu do Barroso em Montalegre
Montalegre foi dos primeiros municípios em Portugal a adotar o conceito de Ecomuseu. Um local onde se pode ficar a conhecer um pouco mais os costumes e tradições desta vila transmontana, um espaço de memória coletiva do território.
Igreja Românica de S. Vicente
Templo de elevado valor patrimonial, de estilo românico, edificado entre os séculos XI e XIII, localizado na aldeia de São Vicente, na freguesia de Chã. A igreja é composta por duas naves de planta retangular, interligados por dois arcos plenos e cobertura em madeira. Em 1910 foi incluída no primeiro grande decreto português de classificação de edifícios antigos como “monumentos nacionais”.
Casa do Cerrado em Montalegre
É uma casa de arquitetura tardo-barroca situada em frente ao Tribunal Judicial e à Câmara Municipal. Trata-se de um solar em granito que antigamente se encontrava rodeado de jardins. O destaque vai para um monumental escudo em granito, na porta de acesso ao pátio, onde estão esculpidas as armas dos senhores da casa.
Serviu, em tempos, como residência aos alcaides de Montalegre.
Torre do Boi de Travassos
Marco dedicado ao boi, de que tanto se orgulhou e orgulha toda a aldeia de Travassos, fazendo reviver a memória do passado em que dezenas de vacas circulavam pela aldeia.
Igreja Matriz de Paredes do Rio
Igreja paroquial maneirista datada do século XVIII, localizada em Paredes do Rio e que apresenta uma planta longitudinal composta por uma nave única, uma capela-mor retangular e uma torre sineira.
Castro de Pedrário
O castro do Pedrário situa-se numa elevação proeminente com uma altitude de aproximadamente mil metros, próximo do Lugar de Pedrário, que lhe deu o nome.
Construído durante a Idade do Ferro, o povoado era arquitetado por um complexo sistema de fortificações, nomeadamente por duas linhas de muralha. As muralhas, parcialmente derrubadas, ligam os dois extremos graníticos. No recinto intra mural são visíveis vestígios de estruturas de planta predominantemente circular, característica inerente neste tipo de povoados proto-históricos. As intervenções arqueológicas conduzidas neste arqueossítio permitiram recolher diverso espólio constituído por fragmentos de cerâmica manual, bem como alguns vestígios de escória de bronze e de ferro.
Casa do Navegador Cabrilho em Montalegre
A Casa Cabrilho é atualmente um bar e um restaurante e uma pousada, mas é acima de tudo um sítio histórico, pois foi a antiga moradia do navegador João Rodrigues Cabrilho, a quem se atribui a primeira investida marítima europeia na Califórnia, ao serviço do rei de Espanha – razão pela qual é conhecido nos Estados Unidos por Juan e não João. É a típica casa minhota, simples, robusta, e de granito.
Monumentos Funerários Cista em Vila da Ponte
Monumentos funerários, tipo cistas, achados em dois outeiros, Donim e Gorgolão, sobre os quais corriam lendas cheias de encanto, localizados em Vila da Ponte.
Sexta Feira 13
A Sexta 13 é o maior evento que se realiza em Montalegre que atrai milhares de pessoas. Também conhecida pela Noite das Bruxas, é uma festa envolta em grande misticismo e lendas. A vila veste-se a rigor e as ruas enchem-se de pessoas, num ambiente verdadeiramente frenético, cheio de luzes, espetáculos, animação de rua, concertos e as queimadas.
As Aldeias
As aldeias em Montalegre, espalhadas pelas grandiosas serras da região, caracterizam-se por pequenos povoados, onde predomina o granito, cujo comunitarismo, muito enraizado nas Terras de Barroso, demonstra o grande espírito de entreajuda nas tarefas ligadas à agricultura e pecuária das suas gentes. As mais emblemáticas são:
Vilar de Perdizes
Aldeia raiana situada a Leste de Montalegre, no planalto barrosão, bem perto da Serra do Larouco, encontrando-se num pequeno declive. Possui pouco mais de 500 habitantes, é constituída por três bairros que se foram aglomerando ao longo dos tempos. A sua história remonta a tempos pré-históricos, bem como à época romana, como comprovam os vários vestígios que aqui se encontram. A aldeia possui vários cafés e restaurantes e alguns alojamentos rurais. O que singulariza esta aldeia é a celebração anual do Congresso de Medicina Popular impulsionado pelo Padre Fontes, congresso envolto em alguma polémica por tratar de questões relacionadas com a bruxaria, mau olhado e outras práticas que o mundo científico não vê com bons olhos.
Vilarinho de Negrões
Localidade localizada no concelho de Montalegre, na margem sul da albufeira do Alto Rabagão, é considerada uma das aldeias mais pitorescas de toda a região, pela preservação de suas casas, mas principalmente por se encontrar sobre uma estreita e bela península. Além da sua beleza natural, que é gigantesca, possui muito património para conhecer, assim como restaurantes com iguarias típicas regionais.
Um destino fascinante que oferece o sossego e a tranquilidade que se querem para uns dias de descanso.
Pitões das Júnias
Pitões das Júnias é uma aldeia pertencente ao concelho de Montalegre e uma das mais altas de Portugal com 1103 metros de altitude.
A aldeia fica localizada numa região de rara beleza e tranquilidade. Empoleirada entre os picos do Gerês a poente e noroeste, e o planalto da Mourela a nascente e nordeste, é uma localidade típica da região do Barroso, em Trás-os-Montes e que perpetua tradições que não se encontram em mais nenhum lugar.
Ao chegarmos à aldeia deparámo-nos com um enquadramento paisagístico deslumbrante. Uma aldeia isolada, cujas habitações foram construídas em granito, muito próximas umas das outras, rodeadas de ruelas estreitas e ao longe as fabulosas escarpas graníticas do Gerês.
As Albufeiras
Existem várias albufeiras espalhadas pelo município de Montalegre: Pisões, Venda Nova, Sezelhe, e Paradela. Estes largos cursos de água marcam profundamente a paisagem barrosã. São locais deslumbrantes, excelentes para a prática de desportos náuticos e para o lazer em geral.
Para Ficar
Para Comer
Região de forte cariz tradicional e uma gastronomia afamada, sobretudo no que toca à produção de enchidos e presunto, sendo a Feira do Fumeiro que se realiza anualmente em Janeiro, a oportunidade ideal para adquirir estas iguarias.
Gastronomia típica de Montalegre:
- Cozido à barrosã
- Posta barrosã
- Pão de centeio
- Castanha
- Fumeiro
- Mel
- Compotas
Para saborear estas iguarias, há dois restaurantes bastante conhecidos, são eles:
Restaurante Castelo
Para Fazer
Trilhos pedestres
Montalegre é um destino de referência para os amantes da Natureza e consequentemente para os apreciadores de percursos pedestres. A região dispõe de uma boa rede de trilhos que permitem o contacto direto com a natureza e o património cultural. Dos trilhos mais conhecidos destacam-se a Rota do Contrabando, o Trilho de D. Nuno, o Trilho do Rio e o Trilho do Ourigo.