Num território coberto por floresta, e vários panoramas e aspetos geomorfológicos insere-se um concelho de seu nome Sabugal.
Localizado no distrito da Guarda, numa região muito remota e na raia do país, o destaque vai para a Reserva Natural da Serra da Malcata considerada um dos últimos refúgios naturais do território português, guardando no seu interior interessantes valores botânicos e faunísticos. As peculiares formações geológicas na serra das Mesas, junto à nascente do rio Côa também merecem uma visita.
As terras de Ribacôa tiveram uma rica presença humana desde a Pré-história, com importantes vestígios arqueológicos da sua ocupação expostos no Museu do Sabugal.
A floresta apresenta áreas significativas ocupadas por matas de carvalho negral. O concelho do Sabugal possui ainda uma coleção de árvores únicas no panorama nacional, verdadeiros gigantes verdes, como a Sequoia Monumental do Sabugal ou a Amoreira da Quinta do Clérigo.
Os amantes de atividades ao ar-livre dispõem de oito Pequenas Rotas, duas Grandes Rotas e oito Percursos BTT.
Com exceção do Sabugal, ainda se encontram de pé os pelourinhos das antigas vilas. Curiosamente, têm caraterísticas bem diferenciadas, o que justifica a visita a todos eles.
A mais original e conhecida tradição raiana é a da Capeia. Um pouco por todo o lado, nas freguesias mais próximas da raia, tem lugar esta forma peculiar de toureio. A Capeia Arraiana faz parte de um conjunto mais complexo de eventos, com início no encerro. Neste, homens a cavalo conduzem os touros, através dos caminhos rurais, para o local onde tem início a Capeia. Esta tem lugar numa praça, muitas vezes improvisada num largo da povoação, ou recinto próprio (Soito ou Aldeia da Ponte). O seu primeiro ato formal é o ‘pedido da praça’ pelos mordomos a uma entidade local. Segue-se a capeia propriamente dita. Um grupo de homens (cerca de 30) transporta o forcão, único meio de que dispõem para se opor às investidas do touro. O forcão é feito com paus de carvalho e tem uma forma triangular.
Todas as freguesias festejam os seus oragos, com festas de dimensão variada. Todas as que têm lugar nos meses mais quentes atraem à sua terra natal aqueles que emigraram ou optaram por ir trabalhar noutros locais do país. O principal destaque vai para as festas de Nossa Senhora da Graça (Sabugal), Nossa Senhora da Granja (Soito) e Nossa Senhora da Póvoa (Sacaparte).
No Sabugal, têm ainda grande presença popular os festejos de São João. Na noite de 23 de junho, queima-se o pinheiro. Em algumas das localidades do concelho, perdura a tradição do Madeiro de Natal. Num largo da povoação, durante a noite de Natal, acende-se uma fogueira em torno da qual se reúnem os seus habitantes, passando a noite em convívio, mantendo a fogueira até de manhã.
O artesanato local é, em primeiro lugar, uma resposta às necessidades das populações, mas também um ex-libris da região. No Sabugal, ainda se encontram alguns destes continuadores da tradição que trabalham em cestaria, tecelagem, olaria, madeira, ferro, pedra, etc.
Em diversos locais, ainda há quem se dedique à tecelagem em modos ancestrais: fabricam-se mantas de retalhos, colchas, panos, etc. Não será também difícil encontrar trabalhos de renda, bordados ou ponto cruz. Há também quem confecione cadeiras, bancos, escultura, maquetes de casas, cabanas para presépios, pífaros, ou miniaturas como do forcão. O ferro forjado e outros trabalhos neste material são ofício de alguns artesãos. O barro é usado para a confeção de presépios, louças ou objetos decorativos.
Para Ver na Cidade do Sabugal
Da cerca da vila, apenas resta um pequeno troço junto ao castelo, uma porta, protegida pela torre sineira, e mais alguns fragmentos, visíveis no Lapidário ou formando as bases das paredes de diversas casas.
O Castelo de Cinco Quinas, obra do rei D. Dinis, sobressai no alto de uma colina de onde dispersa o casario da cidade. Dele, dizia-se ter feito o castelo, a ponte e a fonte. Sendo Monumento Nacional, desde 1910, foi objeto de diversos trabalhos de recuperação. Hoje, pode-se visitar o recinto com a sua muralha, reforçada por duas barbacãs, e subir à sua conhecida torre pentagonal.
A ponte ainda atravessa o Côa, embora com sucessivas alterações, incluindo a reconstrução de um dos arcos destruído pelo rio em 1908.
No Largo da Fonte encontra-se o novo chafariz datado de 1904, próximo do local original.
O Museu do Sabugal, próximo da zona da vila histórica, é uma excelente porta de entrada para o concelho, com uma exposição de longa duração dedicada à sua história.
Para Ver no Concelho do Sabugal
Sortelha
Sortelha é uma das Aldeias Históricas de Portugal. O profundo trabalho de renovação e recuperação levada a cabo nos anos 90, devolveu-lhe o aspeto e ambiente de uma vila manuelina portuguesa.
Num percurso pelas ruas, pode-se apreciar diversas casas interessantes, além da igreja matriz, do castelo, do pelourinho, do forno, da antiga casa da Câmara, do tribunal e da prisão.
Na parte mais elevada da povoação a vista panorâmica sobre a Cova da Beira e a Serra da Estrela completam a paisagem.
Alfaiates
Esta localidade partiu de um povoado proto-histórico, tem nome de origem árabe e uma fortificação que foi decisiva na defesa da região durante a Guerra da Restauração, apesar de ter sido atingida aquando da 3ª invasão francesa em 1811.
Do topo do miradouro, é possível compreender a sua importância e domínio da paisagem. Daqui são visíveis alguns dos principais povoados ancestrais, como o Sabugal Velho, São Cornélio ou Jarmelo.
Atualmente, sobrevive a fortaleza quadrangular, com as suas duas torres e a muralha, reforçada com troneiras. Da cerca da vila, praticamente pouco resta na atualidade. Sobre a entrada e numa das torres, pode-se ver o escudo ladeado pelas esferas armilares, indicativo dos trabalhos efetuados por ordem de D. Manuel. O seu interior foi transformado em cemitério, no século XIX, onde foi colocada uma cruz sobre a entrada.
Muito próximo, para leste, existe o importante santuário de Sacaparte.
Vila do Touro
Localidade que pertenceu aos Templários e, depois, à Ordem de Cristo, com fundação no século XIII. O castelo ocupa um cabeço com vestígios de presença proto-histórica.
A sua construção ficou interrompida numa fase bastante inicial, pelo que apenas se pode visitar as incipientes muralhas, nalguns pontos com uma altura muito reduzida. De uma possível torre de menagem não se encontram vestígios, pelo que se supõe nunca ter sido construída. O traçado da muralha é bastante irregular, para se adaptar aos afloramentos rochosos. Subsiste, ainda, a porta de acesso ao recinto.
Caminhando pelas ruas Direita e Pedro Alvito, encontram-se interessantes exemplares de janelas do século XVI (manuelinas) e seguintes.
Junto à Capela de Nossa Senhora do Mercado existe um tabuleiro de jogo gravado num afloramento rochoso. No interior do castelo, também existe uma boa coleção de outros tabuleiros que ilustram o lazer dos habitantes medievais.
Vila Maior
No topo da elevação, o castelo leonês apresenta uma torre de menagem acrescentada por D. Dinis. Dezenas de marcas de canteiro identificam muito dos seus construtores e o escudo real a sua autoria portuguesa. O interior da torre encontra-se destruído, apenas com vestígios de escadas e pisos. No exterior desta muralha, existem vestígios de uma barbacã medieval, já desaparecida.
Mais abaixo na encosta, junto ao Museu local, podemos encontrar vestígios da antiga cerca defensiva, local onde também foi encontrada, nos anos 50, uma espada de bronze, atualmente exposta no Museu da Guarda.
O rio casarão envolve a elevação, cava nas rochas curiosas “marmitas de gigante” e percorre uma importante zona de carvalhal negral.
O que resta da Igreja de Santa maria do Castelo sugere ter sido uma construção do século XIII. O que se pode ver, atualmente, é a capela-mor e o arco triunfal. A nave da igreja e o alpendre foram demolidos em 1923. Existem ainda alguns silhares espalhados pelo solo em redor da igreja.
Ruínas do Balneário Antigo das Termas do Cró
Este antigo balneário foi construído em 1935, mas com o tempo, acabou por ser abandonado. As ruínas incluem ainda a Pensão dos Milagres, o antigo posto telefónico e de correios, os poços de armazenamento de água termal e algumas outras casas. Todos estes edifícios, juntamente com a igreja da Senhora dos Milagres, já recuperada, ficam situados de cada um dos lados da Ribeira do Côa, também designada Ribeira do Boi, e constituem um verdadeiro museu daquilo que foi, no passado, este espaço termal.
Ponte de Sequeiros
Ponte de arco fortificado, medieval, com tabuleiro sobre arcos de volta perfeita, pavimento lajeado, com continuidade em calçada, guardas em cantaria e torre de planta quadrada.
Construída na área do mais importante centro régio da zona sul do Côa, onde o rio fazia, no passado, fronteira entre três vilas leonesas e duas portuguesas, esta ponte funcionava como marcação de fronteira e portagem e, possivelmente, dispositivo militar.
Baloiço da Aldeia Velha
O baloiço panorâmico de Aldeia Velha, mais do que um marco na paisagem, constitui uma homenagem à tradição ancestral do Sabugal, a capeia arraiana (classificada património nacional imaterial), uma pega de touros realizada por cerca de 30 homens que utilizam um forcão de madeira, enfrentando os touros, mas sem ferir os animais durante esta pega peculiar.
O baloiço tem o formato de um forcão e encontra-se localizado na Serra do Homem de Pedra, junto à Capela da Nossa Senhora dos Prazeres, a padroeira da Aldeia Velha, oferecendo vistas soberbas sobre a região raiana.
Baloiço da Machoca (Serra da Malcata)
Este baloiço de construção simples encontra-se situado junto ao posto de Vigia da Machoca em plena Serra da Malcata.
A paisagem que o envolve é muito bonita e a vista direciona-se para a serra e para a barragem do Sabugal.
Para Fazer
O Sabugal é um concelho de grande dimensão, dos maiores do país. Uma boa parte desse território encontra-se coberta por ‑oresta ou apresenta vastos panoramas e aspetos geomorfológicos de grande interesse. Para facilitar ao visitante um acesso agradável a muitos desses locais, usufruindo do contacto direto com a Natureza, existem diversos percursos devidamente sinalizados e alvo de manutenção regular.
Trilhos Pedestres e BTT
Para o apreciador das caminhadas, existem oito Pequenas Rotas, um pouco por todo o concelho:
PR1 – Meandros do Côa (Sabugal)
PR2 – Vale do Cesarão (Vilar Maior)
PR3 – Nascente do Côa (Fóios)
PR4 – Vilares (Alfaiates / Soito)
PR5 – Penha do Lobo (Penalobo)
PR6 – Rota dos Casteleiros (Sortelha / Casteleiro)
PR7 – Caminho Histórico de Sortelha (Sor rtelha)
PR8 – Termas do Cró (Rapoula do Côa).
Para além destes pequenos percursos, o concelho é atravessado por duas Grandes Rotas:
GR22 – Grande Rota das Aldeias Históricas, que atravessa o concelho no percurso Monsanto-Sortelha-Castelo Mendo, com uma variante ligando Sortelha a Belmonte. Grande Rota do Vale do Côa – com início na nascente do Côa (Fóios), acompanha o rio até à sua foz no Douro. Percorre o concelho com diversas etapas definidas até perto de Vilar Maior.
Os adeptos do BTT podem escolher, para além destas duas GR, que também podem ser percorridas em bicicleta, oito percursos, com extensão e grau de dificuldade variável, cobrindo boa parte do concelho. Têm ainda ao seu dispor dois Centros de BTT, no Sabugal e Cró.
Praias Fluviais
Para os apreciadores de praias fluviais, o concelho oferece várias ao longo dos seus rios e riachos. Destacamos a Praia Fluvial de Rapoula do Côa, uma praia bem servida de espaços verdes, areal, sombras e espelhos de água.
Dispõe de parque de merendas, sanitários e duches. O antigo moinho do Giestal, transformado em bar, e dá apoio aos banhistas e visitantes. Perto do parque de estacionamento encontra-se um recinto polidesportivo com piso sintético e marcações para várias modalidades.
Para Comer
A pastorícia, associada à produção de queijo de ovelha e cabra, é uma antiga tradição presente na atualidade. A elevada qualidade da carne de bovino que aqui se produz influencia também a gastronomia local. Os produtos locais deram origem a uma gastronomia própria, de que se destacam a truta, o cabrito, os pratos de caça, os queijos e a castanha, entre outros.
Restaurante Robalo
O Robalo é um espaço de tradição feito de pessoas para as pessoas, localizado no centro da cidade do Sabugal, no distrito da Guarda.
O espaço está instalado num espaço antigo, a fazer lembrar os celeiros de outrora. As paredes de pedra, o chão em tijoleira e o teto em madeira, com enormes candeeiros, foram preservados para conferir um ambiente rústico e tradicional.
Para Ficar
Cró Hotel Rural
Tendo a fauna e flora como palco natural, onde as matas de carvalho e castanheiro ditam a paisagem, chegamos ao Cró Hotel Rural, um espaço inserido num lugar marcado pelo silêncio.
O hotel situa-se na pequena localidade de Rapoula do Côa, no concelho de Sabugal, onde vida acontece devagar. As Termas do Cró estão mesmo ao lado, bem como as ruínas do antigo complexo termal, os riachos e as serras.
Construído de raiz, com uma arquitetura surpreendente que se destaca ao longe, o hotel apresenta-se como um conceito inovador em espaço rural.