O Palácio Nacional de Mafra é um edifício notável quer pela sua brilhante e complexa conceção arquitetónica, quer pela qualidade e natureza dos materiais e requinte na execução dos seus mármores.
Sendo uma das primeiras expressões da globalização, o monumento é, com a sua Biblioteca, com os seus Seis Órgãos, conjunto único em todo o mundo, e os seus imponentes Carrilhões, um dos mais importantes monumentos barrocos.
Mandado construir por D. João V (1698/ 1750), em cumprimento de um voto para obter sucessão do seu casamento com D. Maria Ana de Áustria, ou a cura para uma grave doença de que sofria, o edifício integra um Paço Real, uma Basílica, um Convento e uma Tapada.
O conjunto desenvolve-se simetricamente a partir de um eixo central, a Basílica, ponto principal de uma longa fachada ladeada por dois torreões, tendo, na zona posterior, um convento para a Ordem de S. Francisco da Província da Arrábida.
A obra esteve a cargo de João Ludovice, ourives e engenheiro militar alemão, com formação de arquitetura em Itália, que adotou um modelo barroco inspirado na Roma Papal. Para esta obra, D. João V encomendou em França e em Itália obras de escultura e pintura e na Flandres dois carrilhões com 102 sinos.
A coleção de pintura abrange obras de Mestres como Masucci, Trevisani, Conca ou Quillard e ainda os portugueses André Gonçalves, Oliveira Bernardes e Vieira Lusitano.
A estatuária da Basílica constitui a mais significativa coleção de escultura barroca italiana fora de Itália.
Mafra será, assim, o mais importante centro difusor do gosto romano da época, quer pela quantidade de obras, quer pela diversidade de artistas.
A Escola de Escultura de Mafra também assume particular importância, uma vez que foi responsável pelos retábulos da basílica.
De destacar ainda a Biblioteca Monástico-Real, uma das mais importantes bibliotecas europeias, com um valioso acervo de cerca de 36 000 volumes, um “ex-libris” da ilustração esclarecida do século XVIII.
O Paço Rela foi sempre visitado pela Família Real que aqui vinha celebrar algumas festas religiosas ou caçar na Tapada, estando também associada ao fim da monarquia em Portugal, pois acolheu o rei D. Manuel II, o último rei de Portugal, na derradeira noite que passou no reino antes da sua partida para o exílio a 5 de outubro de 1910, depois de proclamada a República.
Em 1911, o Palácio de Mafra foi transformado num museu, tomando a designação de Palácio Nacional de Mafra.
O convento, incorporado na Fazenda Nacional em 1834, aquando da extinção das ordens religiosas no país, foi sucessivamente ocupado por diversos regimentos militares sendo, atualmente, sede da Escola das Armas.
Parte do antigo convento está aberto ao público, destacando-se a Enfermaria, um dos poucos hospitais de época ainda in situ. A Sala dos Atos Literários e a Sala Elíptica ou Casa do Capítulo poderão ser visitadas mediante marcação prévia.
Este é um local que muito recomendámos, pois para além da beleza e imponência, o que se observa é sublime. Desde a raridade das peças, aos aposentos reais e não esquecendo da fabulosa e singular biblioteca, tudo se reveste de um encantamento real, monástico, que nos transporta para outros tempos.
Sugerimos uma visita guiada, pois somos levados a observar os detalhes, a compreender melhor a história do nosso país e a apreciar a visita de um outro prisma. Para as crianças este tipo de visita é muito enriquecedor pois permite-lhes perceber melhor o que estão a ver, leva-as a questionar e a esclarecer eventuais dúvidas.
Para Ver
Botica
Local onde estão expostos alguns instrumentos e utensílios utilizados nos séculos XVIII e XIX na confeção de medicamentos, os quais eram preparados a partir de ervas e raízes provenientes da horta conventual.
Enfermaria
Espaço destinado aos doentes graves que eram assistidos pelos frades enfermeiros. As camas estão viradas para o altar para que os doentes pudessem assistir à missa. Perto desta enfermaria situam-se as celas dos enfermeiros e uma pequena cozinha onde se preparavam as refeições.
Sala de Diana
Sala cujo teto está pintado com uma representação de Diana, a deusa da caça, acompanhado de ninfas e sátiros, da autoria de Cirilo Volkmar Machado.
Sala da Audiência ou Trono
Sala destinada às audiências régias, cuja pintura no teto representa uma alegoria à “Lusitânia”, por Cirilo Volkmar Machado. Nas paredes estão representadas as oito Virtudes Reais, da autoria de Domingos Sequeira.
Oratório Norte
Capela privada dos aposentos do rei. O teto, também da autoria de Cirilo Volkmar Machado, evoca um voto de gratidão dos príncipes D. João e D. Carlota Joaquina pelo nascimento da primeira filha. Sobre o altar está uma tela de Inácio Oliveira Bernardes representando a Virgem, o Menino e S. José carpinteiro, c. 1730.
Torreão Norte
Local destinado aos aposentos do Rei. Cada torreão funcionava como um apartamento independente com as cozinhas na cave, as despensas e ucharias no piso térreo, os quartos dos Camaristas no 1º piso, os aposentos reais neste piso e os criados nos mezaninos. Foram usados até à morte de D. Fernando de Saxe e Coburgo (1816/ 1885), marido da rainha D. Maria II, ficando depois reservados a hóspedes importantes.
Galeria da Frente
Trata-se de uma sucessão de salas formando um longo corredor com 232m de Torreão a Torreão. De destacar a decoração mural de Volkmar Machado representando a Sala das Descobertas, os Descobrimentos Portugueses, na Sala dos Destinos, o 1º Rei de Portugal recebendo o livro dos Destinos da Pátria e na Sala da Guarda a lenda do “Precipício de Faetonte”.
Sala da Benção
Situada no meio do Paço Real, parece, pela sua decoração em pedra liós da região de Sintra e Pero Pinheiro e Cascais, fazer parte integrante da Basílica sobre a qual se abrem as janelas. Dos seus varandins podia a Família Real assistir às cerimónias religiosas e, da varanda que abre sobre o Terreiro, D. João V saudava o povo. Destaca-se o busto em mármore de D. João V, da autoria do mestre italiano Alessandro Giusti.
Torreão Sul
Aposentos da Rainha, tendo as cozinhas na cave, as despensas e ucharias no piso térreo, os quartos dos Vereadores no 1º piso e os aposentos da Rainha e das Damas no piso nobre. No quarto de dormir, então usados por sua mãe, a rainha D. Amélia de Orleães, D. Manuel II passou a derradeira noite no reino, antes de partir para o exílio aquando da implantação da República, em 1910.
Sala da Música
Também conhecida por Sala Amarela ou Sala da Receção. Era aqui que no século XIX a Família Real recebia os convidados. Neste espaço destaca-se um piano de cauda Joseph Kirkman, com respetivo banco em forma de concha. Anexa, fica a Sala de Jogos, também usada para os serões na mesma época.
Sala da Caça
Sala com mobiliário do século XIX feito com hastes de animais que ainda hoje existem na Tapada: veados, gamos e javalis. Destacam-se ainda duas telas de Joaquim Rodrigues Braga representando caçadas de D. Miguel em Mafra e Vendas Novas e uma coleção de pratos e azulejos com cenas de caça, animais e flores, da autoria de D. Fernando de Saxe e Coburgo. No reinado de D. Carlos, a Real Filarmónica de Mafra atuava nesta sala enquanto a Família Real jantava na casa de jantar anexa.
Salão Grande dos Frades
Espaço destinado à recreação museográfica do ambiente conventual, com mobiliário e objetos que serviram no antigo convento. A mesa e os bancos pertenceram a uma das duas irmandades instituídas por D. João V em Mafra.
Biblioteca
Uma das mais importantes bibliotecas europeias do século XVIII, com cerca de 36 000 volumes. Cruciforme, possui um pavimento em mármores polícrono e estantes rocaille. Verdadeiro repositório de obras-primas, abrange todas as áreas do saber iluminista científico e religioso. Destacam-se os Livros de Horas iluminados do século XV, a coleção de incunábulos e um núcleo de partituras musicais destinadas aos seis órgãos da Basílica.
Basílica
Forma o eixo central do edifício, ladeado pelas torres sineiras. Concebida em estilo barroco italiano por João Frederico Ludovice, tem forma de cruz latina, sendo toda em pedra liós da região. O zimbório, com 65m de altura, foi a primeira cúpula construída em Portugal. Na capela-mor, uma tela de Francesco Trevisani representa A Virgem, o Menino e Santo António. Destacam-se ainda 6 órgãos, conjunto único em todo o mundo.
Horário
Palácio:
Das 9h 30 às 17h 30
Biblioteca:
Das 10h às 12h e das 14h às 16h 30 (exceto à terça e ao fim de semana)
Basílica:
Das 9h 30 às 13h e das 14h às 17h 30
Encerramento:
Terça-feira, 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 1 de maio, quinta-feira da Ascensão, 24 e 25 de dezembro
Visitas guiadas por marcação:
Público em geral e todos os graus de ensino
telef. 261 817 554
Morada
Palácio Nacional de Mafra
Terreiro D. João V
2640-492 Mafra
telef. 261 817 550