Numa região lindíssima, onde o território português termina e o imenso oceano tem início, existe um percurso deslumbrante que dá pelo nome de Sete Vales Suspensos.
Inserido numa paisagem de cortar a respiração, num terreno moldado pela força da Natureza e uma vista maravilhosa sobre o azul das águas calmas e translúcidas do Algarve, partimos à descoberta de um percurso rodeado de praias secretas e algares.
O percurso pedestre dos Sete Vales Suspensos, no concelho de Lagoa, é um percurso de sensivelmente 5,7Km (cerca de 12Km ida e volta) que se desenvolve ao longo de imponentes arribas costeiras, entre a Praia da Marinha e a Praia Vale de Centeanes. O trajeto está bem marcado e conta com uma cuidada infraestrutura de apoio, com bancos e parques de merendas.
O percurso desenvolve-se ao longo de uma linha quase contínua de imponentes arribas, apenas interrompida por linhas de água que, na sua maioria, desembocam acima do nível do mar, dando origem aos vales suspensos que dão o nome ao percurso.
Cada vale suspenso esteve, num passado distante, associado à foz de uma linha de água e testemunha a intensa erosão a que esta orla costeira está sujeita, já que deve a sua formação a um recuo rápido do litoral não acompanhado pelo entalhe da linha de água.
As arribas desta orla costeira são o elemento dominante na paisagem, desdobrando-se em relevos imponente de singular beleza. Para além do seu valor geomorfológico e paisagístico, estas arribas calcárias proporcionam a existência de habitats únicos que acolhem flora e fauna assinalável. É o caso dos matagais de zimbro, das diversas aves marinhas que se abrigam nas paredes rochosas ou dos morcegos que utilizam as grutas típicas destes ambientes cársicos.
Ao longo do percurso e, para além das arribas, existem também formações rochosas das mais variadas formas, grutas muito interessantes e majestosos algares que são cavidades de desenvolvimento vertical (poços naturais que ligam a superfície das regiões calcárias às galerias subterrâneas), sendo o mais afamado o de Benagil.
Como já referimos, o percurso tem início no parque de estacionamento da Praia da Marina e segue em direção à Praia da Mesquita, acessível apenas por mar. Um pouco mais à frente. Surge uma formação rochosa muito peculiar em forma de arco que dá origem a interessantes fotografias em forma de coração.
De seguida, passamos pelo topo da arriba junto à Praia da Corredoura, também ela, apenas acessível por mar. Seguem-se os famosos algares algarvios, cujo destaque vai para o algar de Benagil. Este enorme algar é acessível por mar, a partir da praia de Benagil, localizada a cerca de 300 metros. No interior do algar existe uma pequena e fascinante praia, de uma beleza única em Portugal.
O trilho segue, então, em direção à magnífica praia do Carvalhal, acessível por uma escadaria num túnel escavado na arriba calcária, até ao próximo ponto de interesse que é o Cabo Carvoeiro, passando pelo Vale Espinhaço, um dos vales que melhor exemplifica esta dinâmica de vales suspensos.
Segue-se, depois, o farol de Alfanzina e, por entre uma densa vegetação mediterrânica sucede-se uma paisagem de características lunares, onde domina a rocha clara e nua. Sobre este grande penedo, o Leixão do Ladrão, contam-se lendas antigas, como a da princesa moura que chora a morte do amante, originando com as suas lágrimas o rendilhado típico da rocha calcária.
Na envolvente do Farol de Alfanzina, cresce um bosque de pinheiro-de-Alepo, uma das poucas árvores que coloniza estes terrenos pedregosos e áridos. Aqui, os pinhais funcionam como ilhas ecológicas para os chapins, o melro ou o mocho-galego. A vegetação densa favorece mamíferos como o coelho, o saca-rabos ou a raposa.
É no seio desta paisagem de rara beleza que o percurso dos Sete Vales Suspensos segue até à praia de Vale Centeanes onde termina.
Informação útil
Distância: 5,7Km
Duração: 2h 30
Tipo de percurso: Linear
Dificuldade Técnica: Média
Local de Partida/Chegada: Praia da Marinha ou Praia de Vale Centeanes, Lagoa, Algarve
Quando Ir: todas as estações são boas para fazer o trilho, mas na nossa opinião, na primavera e no outono em dias de sol, são as melhores alturas. No inverno, existe a possibilidade de encontrar chuva e nevoeiro. No verão, o facto de não haver sombras, também pode tornar a caminhada mais difícil, a não ser que se faça ao amanhecer ou no final do dia. Uma coisa é certa, é no verão que a cor azul do oceano ganha outra dimensão.
Nós fomos no verão e, como tal, fomos presenteados com vistas sublimes e uma atmosfera muito própria da época balnear.
Contacto do Táxi (caso se faça apenas um sentido): 282 460 610 (10€)
O que levar:
- Mochila leve com o necessário, nomeadamente, comida e bebida.
- Calçado adequado a caminhadas em arribas calcárias.
- Roupa adequada ao tempo. É o Algarve e, por conseguinte, as temperaturas são bastante amenas.
- Protetor solar, óculos e chapéu.
- Fato de banho para dar um mergulho numa das lindíssimas praias.
- Uma máquina fotográfica ou um smartphone para registar os locais.
- Um saco para trazer o lixo que, eventualmente, se faça.