São Miguel é a maior ilha do arquipélago açoriano e juntamente com a ilha de Santa Maria constitui o grupo oriental dos Açores, sendo considerada a ilha verde pela abundância de pastagens e matas.
Uma ilha verdadeiramente única, com um património natural arrebatador, um património geotermal e vulcânico fabuloso, pessoas autênticas, miradouros espetaculares e paisagens deslumbrantes. Um mundo à parte, impressionante na beleza, na riqueza e na diversidade da fauna e da flora, da terra e do mar.
Terra de gente com o sotaque carregado, cenários fabulosos, Natureza infindável, tranquila e de bem comer, enchem a alma a qualquer um.
Uma viagem maravilhosa, da qual guardamos memórias que nos vão acompanhar para sempre. Memórias do verde dos campos, das “Vacas Felizes” a pastar, do azul das lagoas, do castanho das águas termais, dos trilhos, dos aromas, da vegetação, das pessoas e da imensidão do oceano.
Foram 5 dias maravilhosos num cenário deslumbrante, à descoberta do património natural, geotérmico, arquitetónico e gastronómico.
Para viajar em São Miguel deve-se adaptar o roteiro em função das condições atmosféricas dos locais que se quer visitar. É frequente vivenciar as quatro estações do ano num só dia e, por isso, uma visita ao site Spot Azores antes de se decidir por onde começar é sempre uma mais-valia, pois este site mostra, através de imagens em tempo real, como está o tempo nos principais pontos turísticos do arquipélago.
Dia 1
O primeiro dia refere-se apenas à tarde, pois chegamos à ilha de São Miguel às 15h.
À saída do aeroporto tínhamos à nossa espera a Sandra com o carro da empresa Let´s Rent a Car, uma empresa de aluguer de carros em São Miguel.
Dirigimo-nos, então, para o São Miguel Park Hotel, uma unidade hoteleira localizada no centro de Ponta Delgada, onde ficámos hospedados por duas noites.
A tarde foi passada à descoberta de Ponta Delgada, uma cidade relativamente pequena, muito fácil de conhecer a pé, um local para se estar, para se sentir.
A cor branca dos edifícios a contrastar com o basalto é imagem de marca da cidade. Também é evidente a mistura do clássico com o contemporâneo, nomeadamente, através da Arte Urbana.
A maior parte de tempo foi passado a deambular pelas formosas ruas da cidade. Visitámos a igreja de nossa Senhora da Conceição e a Igreja Matriz de São Sebastião, subimos à Torre Sineira para termos uma perspetiva diferente da cidade, conhecemos as Portas da Cidade e fizemos um pequeno passeio pela marginal, junto ao porto e à marina.
De volta ao hotel, houve tempo ainda de relaxar um pouco na piscina interior e no jacuzzi.
Dia 2
Começámos o dia em direção ao Norte da ilha, para conhecer a Praia de Santa Bárbara, designada como a praia dos surfistas, uma praia com grandes ondas e de areia escura.
Havia muito vento nesta zona, pelo que apenas tirámos algumas fotografias e regressámos à estrada. Percorremos algumas das ruas de Ribeira Grande e parámos junto ao jardim botânico para dar um pequeno passeio nesta zona.
De seguida, fomos até ao Miradouro do Palheiro para contemplar a vista sobre a cidade e sobre o oceano.
Seguindo viagem pelo norte da ilha, parámos no fantástico Miradouro de Santa Iria, um dos locais cartão-de-visita da ilha, para observar a imensidão dos campos verdes a contrastar com o azul do mar.
Seguiu-se a belíssima povoação de Porto Formoso e a Praia dos Moinhos, uma pequena praia encaixada nas altas escarpas.
De seguida, fizemos uma breve paragem para visitar a plantação e a fábrica de chá da Gorreana, uma das mais antigas plantações de chá da Europa. No final da visita aproveitámos para comprar algumas recordações da ilha, nomeadamente, chás e para provar o saboroso chá preto e o chá verde.
Com o fim da manhã a aproximar-se, foi tempo de nos deslocarmos para as Furnas, para degustar o famoso Cozido das Furnas. Na estrada, em direção às Furnas, ainda parámos no Miradouro de Pedras de Galego para observar a localidade.
Já nas Furnas, para além de uma visita rápida pela localidade, visitámos as famosas caldeiras da vila.
Nas Furnas existe um grande número de restaurantes que servem o Cozido. Nós optámos pelo restaurante Vale das Furnas, localizado no Parque de Campismo, um restaurante simpático que, para além do Cozido, também tem para oferecer outros pratos igualmente deliciosos.
No início da tarde, rumámos em direção à Lagoa das Furnas, uma das mais bonitas da ilha, na nossa opinião. A beleza deve-se ao ambiente bucólico no qual está inserida, bem como aos pormenores que a circundam, como as fumarolas e a Capela Nossa Senhora das Vitórias, um local místico, surpreendente.
Logo depois, fomos explorar a Lagoa do Congro, bem como a sua envolvência. Para chegar à lagoa, deixa-se a estrada de alcatrão e entra-se numa estrada de terra batida por cerca de 1km. Logo que apareça a indicação da lagoa, deve-se deixar aí o carro e seguir por um trilho pedestre, de cerca de 15 minutos, até chegar à beira da mesma. O percurso, com descida e no regresso subida, é fácil de fazer. A Lagoa do Congro, selvagem por natureza, está envolta numa vegetação muito densa, onde impera o silêncio. Fantástico!
Daqui, seguimos para o Miradouro do Pico de Ferro, um miradouro fabuloso de onde se avista a localidade das Furnas, a Lagoa das Furnas, as montanhas e ao fundo o oceano.
De regresso às Furnas foi tempo ainda de relaxarmos nas maravilhosas águas quentes do Poço da Dona Beija, um conjunto de piscinas de águas termais a uma temperatura de 39º C, que surgem diretamente da terra e são um verdadeiro spa ao ar livre, o paraíso das águas termais também conhecida como a Poça da Juventude.
De novo em Ponta Delgada, fomos jantar ao restaurante A Tasca, que fica localizado no centro da cidade, um restaurante que reservámos com alguma antecedência.
Dia 3
O dia amanheceu pouco nublado e, como tal, teríamos de aproveitar as condições atmosféricas que se faziam sentir para conhecer a Lagoa do Fogo, uma lagoa localizada na serra de Água de Pau, um local onde normalmente há bastante nevoeiro, o que por vezes, torna difícil avistar a lagoa. Apenas num dia de boa visibilidade é possível contemplar a beleza daquela que é considerada uma das mais bonitas da ilha.
Um dos pontos que oferece uma das melhores vistas para a lagoa é o Miradouro do Pico da Barrosa. Aliás, deste miradouro é ainda possível avistar a parte norte e sul da ilha em simultâneo.
Continuando viagem, fizemos uma paragem na Caldeira Velha, uma cascata de água quente férrea onde se pode tomar banho, localizada na encosta do vulcão do fogo, na Serra da Água de Pau, a poucos quilómetros da Ribeira Grande. A Caldeira Velha tem fumarolas, zonas de desgaseificação, uma nascente de água termal e uma flora exótica de grande beleza. Possui umas piscinas naturais de água quente fabulosas, uma com água a 25ºC e outra com água das fumarolas a aproximadamente 38ºC. A água que escorre pelas encostas é aquecida por uma caldeira vulcânica, num vale rodeado de verde, onde se destacam os enormes fetos.
De novo na estrada, fomos conhecer a Lagoa de São Brás e depois Ribeira dos Caldeirões, um parque natural de beleza única localizado nos declives da Serra da Tronqueira. Neste parque, existem bonitas cascatas, um lago incrível, moinhos de água, um Museu Etnográfico e as antigas casas de moleiro. Aqui pode-se fazer uma caminhada e/ou apenas contemplar a paisagem, que é fabulosa.
Daqui, fomos em direção ao Nordeste, uma vila situada na costa Nordeste da Ilha, uma das zonas mais acidentadas de São Miguel. Possui uma beleza natural e uma vegetação exuberante, que espelha bem a magnificência da natureza desta Ilha. A região é conhecida pelos seus bonitos jardins, e pelas ruas e estradas cuidadas, onde as flores parecem florir a cada esquina.
Iniciámos a tarde com uma visita ao Farol de Arnel, um farol que entrou em funcionamento em 26 de Novembro de 1876, tendo sido o primeiro farol implantado na Região Autónoma dos Açores.
Seguiram-se os fabulosos Miradouros da Ponta do Sossego e da Ponta da Madrugada, locais ideais para apreciar a vista sobre a costa norte da ilha e sobre as montanhas. Aqui os jardins são deslumbrantes. A diversidade de flores e de canteiros, sempre muito cuidados, fazem deste local o maior jardim do concelho do Nordeste.
Continuando a viagem, parámos ainda nos Miradouros do Pico Longo e do Pôr-do-sol, até chegar a Povoação, situada na zona oriental da Costa Sul da ilha, uma vila encantadora pela sus faceta rural. Povoação é conhecida como “celeiro da Ilha”, tal a sua importância agrícola, com grandes produções de cereais e batata.
Com o dia a aproximar-se do fim, reservámos as duas últimas horas de luz para conhecer o fabuloso Parque Terra Nostra e desfrutar dos seus jardins e da piscina termal. O Parque Terra Nostra fica na zona das Furnas e é um dos mais belos jardins da Europa. Foi um dos locais mais bonitos que conhecemos na ilha, quer pela beleza exuberante da vegetação, com mais de 2000 espécies de árvores, quer pela sensação de tranquilidade e relaxamento que as suas águas quentes nos proporcionaram. Para dar um mergulho nesta piscina, convém não esquecer de levar um fato-de-banho velho pois ficará estragado.
No final do dia mudámos de alojamento, deixámos o hotel e hospedámo-nos num fantástico apartamento t2 duplex no centro de Ponta Delgada, o INNature Blue, um alojamento local de excelência, uma referência para quem quiser passar uns dias em São Miguel com todo o conforto e comodidades que se pretendem para uma estadia tranquila e relaxante.
Dia 4
A manhã do quarto dia foi reservada para o tão aguardado passeio de barco para Observação de Cetáceos. Existe um grande número de empresas que organizam este tipo de passeio. Nós escolhemos a empresa Terra Azul, localizada na marina de Vila Franca do Campo, que nos levou oceano dentro à procura destes belos animais.
Não conseguimos avistar baleias, mas os golfinhos comuns presentearam-nos com as suas magníficas acrobacias. Quase no final do passeio, houve ainda tempo para ver de perto o fabuloso ilhéu de Vila Franca e usufruir de umas manobras radicais no mar.
créditos: Reddit.com
De regresso a terra e, como estávamos em Vila Franca do Campo, fomos provar as deliciosas Queijadas do Morgado, uma pastelaria que fica junto à marina.
Ainda antes de deixar esta localidade, aproveitámos para conhecer o Santuário de Nossa Senhora da Paz, deslumbrante, não apenas pela sua beleza própria, mas também pela sua localização. A sua escadaria fantástica é um local perfeito para contemplar a cidade e o ilhéu de Vila Franca do Campo.
Tinha agora chegado a altura de explorar a costa oeste da ilha e, portanto, retomámos a estrada em direção à conhecida Zona das Lagoas, em concreto para a Lagoa do Canário, uma lagoa localizada na Serra Devassa, alojada numa cratera vulcânica e rodeada por florestas típica da macaronésia e plantações de criptomérias.
Seguiu-se o Miradouro da Vista do Rei, um dos melhores pontos para observação da Lagoa das Sete Cidade. Aqui ainda aproveitámos para conhecer o Monte Palace, um hotel abandonado, mas que suscita alguma curiosidade.
Na estrada para as Sete Cidades, parámos também no Miradouro do Cerrado das Freiras, que nos oferece uma outra perspetiva da Lagoa das Sete Cidades, e na Lagoa de Santiago.
Ao chegarmos junto da Lagoa das Sete Cidades, o maior lago de água doce dos Açores, sendo considerada uma das 7 maravilhas de Portugal, fizemos uma curta paragem para admirar a beleza do local. A lagoa está envolta numa lenda fantástica: as duas lagoas gémeas (uma azul e outra verde por causa dos reflexos) terão nascido das lágrimas de um pastor e de uma princesa que viveram um amor proibido.
A pacata povoação das Sete Cidades também é muito interessante, merecendo, portanto, uma visita a pé, sobretudo para conhecer a lindíssima Igreja de São Nicolau.
Seguimos caminho até Mosteiros, uma pitoresca freguesia com forte ligação com o mar, de feição mormente piscatória, mas também agrícola. O pitoresco Porto de pesca, assim como as piscinas naturais, conhecidas por Poço da Pedra, são os grandes atrativos.
Por último, estivemos na Ponta da Ferraria, o local ideal para terminar a tarde a usufruir de um jacuzzi natural, cuja nascente termal fica no mar. Aqui, pode-se tomar banho nas águas do Atlântico, por norma geladas, a temperaturas que variam entre os 20ºC e os 40ºC, dependendo da maré e do sítio onde, por entre as rochas, sai a água quente. É pois, uma zona balnear e termal com nascentes de águas terapêuticas já referenciadas desde o século XVI.
Ao regressar a São Miguel, ainda fomos conhecer as estufas de ananases na Fajã de Baixo. Nós visitámos os Ananases Santo António gratuitamente, e ficámos a conhecer o processo de produção dos mesmos, que em média demoram cerca de 2 a 2 anos e meio.
À noite jantámos no restaurante Borda d´Água em Lagoa, um restaurante onde o peixe fresco é o ex-libris.
Dia 5
Último dia na ilha e já estamos cheios de saudades! Como é normal numa viagem, dificilmente se consegue ver ou fazer tudo o que se quer. Nós tentamos, ainda que de forma breve, conhecer os principais pontos de atração de São Miguel. Para este fim de viagem reservámos algumas localidades da costa Norte e Noroeste da ilha.
Assim, começamos o dia pela tão conhecida localidade de Rabo de Peixe, uma localidade onde o sotaque açoriano é bem mais evidente, e que tem como atividades primordiais a agricultura e pesca, num local de grande beleza natural e paz de espírito.
Continuamos a viagem, passando pelo Miradouro das Pedras Negras, um miradouro que adquiriu este nome graças às lavas escuras sobre as quais está assente, em direção a Capelas, uma bonita vila, famosa pela sua antiga tradição baleeira como ainda é visível na Fábrica da Baleia em Poços de São Vicente Ferreira. Capelas possui um rico património natural, com vistas soberbas para o Oceano Atlântico, mas também do seu património arquitetónico.
De seguida, passámos pelas localidades de Santo António, Ajuda da Bretanha e regressámos, para uma última vista, à zona da Lagoa das Sete Cidades.
Com a manhã a terminar, não queríamos deixar São Miguel, sem observar a vista do Miradouro da Grota do Inferno, um miradouro, provavelmente um dos mais famosos cartões de visita da ilha, também conhecido como Miradouro da Boca do Inferno, localizado no Parque Florestal da Mata do Canário e que proporciona uma vista sublime, pois dá para ver em simultâneo várias lagoas: a Lagoa das Sete Cidades (apenas a lagoa azul), a Lagoa de Santiago e a Lagoa Rasa. Para além das lagoas, tem ainda uma vista privilegiada sobre parte da freguesia das Sete Cidades e da Serra Devassa.
Para chegar ao Miradouro da Grota do Inferno vai-se pelo Parque Florestal da Mata do Canário, pela estrada de terra batida, até ao final da mesma. A entrada para o miradouro é marcada por uns degraus esculpidos na terra, delimitados por troncos. Convém ter em atenção que aos fim de semana os portões do Parque Florestal da Mata do Canário estão fechados e que para usufruir da vista do miradouro na sua plenitude, convém fazê-lo num dia de céu limpo. Neste dia, o céu esteve bastante nublado e havia muito nevoeiro, o que condicionou as vistas.