Neste roteiro por Segóvia vamos mostrar alguns dos locais a não perder naquela que é uma cidade marcada pelo traço medieval, quer pelas ruas labirínticas, pela arquitetura, ou pela história. O seu centro histórico medieval e o aqueduto romano estão listados como Património da Humanidade UNESCO desde 1985.
O Aqueduto é uma obra-prima da engenharia romana que se estende majestosamente, um testemunho impressionante da habilidade técnica dos engenheiros romanos.
O Alcazar de Segóvia é outro destaque notável, com sua imponente estrutura de castelo que se ergue acima da cidade. Este antigo palácio real, que remonta ao século XII, combina elementos de diferentes estilos arquitetónicos, proporcionando uma experiência interessante ao explorar as suas salas, torres e pátios. A vista panorâmica do Alcazar oferece uma visão desafogada sobre os arredores de Segóvia.
A Catedral de Segóvia, uma majestosa construção gótica, também é digna de destaque, com os seus vitrais, esculturas elaboradas e atmosfera sacra a evidenciarem-se no conjunto de elementos.
Ao percorrer as estreitas ruas de paralelepípedos do centro histórico, chega-se à praças, como a Plaza Mayor, repleta de cafés e restaurantes que oferecem uma variedade da culinária local, nomeadamente, o cochinillo (leitão assado) e o cordero asado (cordeiro assado).
Além disso, Segóvia é palco de festivais culturais vibrantes e eventos ao longo do ano, atraindo apreciadores de música, dança e arte. Estas celebrações adicionam um toque especial à atmosfera animada da cidade.
Aqueduto de Segóvia
Começamos o nosso roteiro junto ao Aqueduto de Segóvia, um dos monumentos romanos de Espanha melhor preservados na Península Ibérica. Com cerca de 2 mil anos de existência, a construção ergue-se aos 28 metros de altura e soma um total de 167 arcos.
Esta obra deve ser admirada de vários ângulos: A partir da Plaza Artillería ou Plaza Azoguejo, desde as escadarias a sul ou subindo ao Mirador del Acueducto (ao lado do Postigo del Consuelo), local onde o aqueduto se junta às Muralhas de Segóvia.
Calle Cervantes/ Casa de los Picos
A movimentada e comercial Calle Cervantes oferece um primeiro contacto com as casas esgrafiadas segovianas de origem mudéjar. Depois de passarmos pelo Mirador de la Canaleja, chegamos à Casa de los Picos com os seus peculiares blocos de granito com ponta de diamante.
Plaza de Medina del Campo
Esta praça deve o seu nome ao reconhecimento do apoio heroico da cidade de Valladolid a Segóvia durante a revolta comunal.
No centro da praça, encontra-se a Iglesia de San Martín e a sua galeria com arcadas. De origens moçárabes, foi construída no século XII, no período do românico castelhano com campanário em estilo românico-mudéjar.
Para além da igreja, há ainda uma estátua dedicada a Juan Bravo, obra do escultor segoviano Aniceto Marinas (1921), e duas esfinges, obra de Francisco Bellver (1851), bem como a fonte da escada.
Olhando para o lado nascente, pode-se observar diversas mansões brasonadas renascentistas, como a Casa de Solier, a Casa de Bornos e o emblemático Torreón de Lozoyola, do século XIV que comungam do mesmo espaço. Os segovianos chamam o local de Plaza de las Sirenas.
Plaza Mayor
Uns passos mais, e chegamos ao coração do centro histórico, religioso, político e social, a Plaza Mayor. É aqui que também se encontra ao Ayuntamiento, o teatro Juan Bravo, o coreto, o Palacio del Marqués del Arco e a Iglesia de San Miguel.
Catedral de Segóvia
A Catedral de Segóvia é um templo religioso do século XVI, uma das últimas catedrais espanholas a ser construída em estilo gótico-tardio. Esta construção resulta da transladação de partes da antiga Catedral de Santa María de Segóvia, nomeadamente o claustro, destruída aquando da Guerra das Comunidades de Castela. No interior, destacam-se os vitrais, o altar-mor, o cadeiral do coro, o gradeamento, os órgãos barrocos e as 18 capelas.
Alcazar de Segóvia
O Alcazar está situado numa das zonas mais elevadas da cidade e junto a um cuidado jardim, um espaço que em si mesmo constitui um miradouro 360 graus. O fosso e a ponte levadiça permitem o acesso ao Alcazar, cujo estado de conservação é notável.
Ao entrarmos no seu interior, deparamo-nos com os grandiosos salões, nomeadamente, o museu Real Colegio de Artillería. A escadaria de 152 degraus levou-nos até à Torre de onde desfrutamos de vistas panorâmicas sobre a cidade e os arredores.
Centro Histórico e Bairro Judeu
O Bairro Judeu apresenta um legado valioso duma das comunidades judaicas mais ricas de Castela e Leão. Em tempos, eram havia cinco sinagogas no bairro. Atualmente, apenas resta a Sinagoga Maior, a igreja Corpus Christi integrada no Convento das Clarissas.
Muralhas de Segóvia
Segóvia foi construída sobre um promontório rochoso de difícil acesso, o que não impediu os Romanos de construírem a primeira cerca defensiva que ao longo dos séculos foi ampliada para os atuais 3 km, para além das 80 torres e cubos.
A melhor troço para se ficar a conhecer parte da muralha é o que se situa entre a Catedral e o Alcazar, o troço conhecido como Ronda Don Juan II, até pelas vistas desafogadas que oferece.
Igreja de Santo Estêvão
É uma das várias igrejas medievais de Segóvia. A construção data do século XII e é conhecida pela sua torre sineira românica .
Mirador de la Pradera de San Marcos
O Mirador de la Pradera de San Marcos encontra-se na parte Norte do Alcazar e oferece uma vista de um ângulo diferente para a construção erguida no topo do promontório.
Igreja Vera Cruz
A igreja de Vera Cruz foi fundada pelos Cavaleiros Templários no século XIII. É uma igreja singular de estilo românico. A sua planta é um polígono de 12 lados, tem três capelas em semi-tambor e dois portais com arquivoltas sobre colunas. O templo está inspirado no Santo Sepulcro de Jerusalém, origem da Ordem dos Templários.
Mosteiro de Santa Maria del Parral
O Mosteiro de Santa Maria del Parral, também conhecido como Mosteiro de El Parral, é um mosteiro de clausura monástica de monges da Ordem de São Jerónimo localizado extramuros na cidade de Segóvia, reconhecido por sua arquitetura gótica, mudéjar e plateresco.
A construção do mosteiro começou em 1447 e foi concluída em 1503. O mosteiro foi fundado por Enrique IV e ficou sob o protetorado de Juan Pacheco, marquês de Villena.
A capela maior do templo é de estilo gótico e contém um belo retábulo de escultura policromada. A torre da igreja é posterior e está arrematada por ameias renascentistas.
O pórtico não está finalizado em sua parte superior. A ambos os lados do retábulo estão os sepulcros dos marqueses de Villena, realizados em alabastro e enfeitados com profusa ornamentação renascentista.
O mosteiro também conta com quatro claustros: o da Portaria, o da Hospedaria, o da Enfermaria e o principal. Toda a zona monástica é de clausura e, portanto, vedada à visita ao público, exceto o claustro da Portaria.
Convento de San Juan de la Cruz
O Convento de San Juan de la Cruz foi concluído em 1692. Com uma arquitetura carmelita, é a primeira igreja e o primeiro convento do mundo dedicados a São João da Cruz.
Durante os anos de 2017 e 2018, toda a planta baixa do convento foi remodelada, incluindo o claustro, a sacristia maior, o refeitório antigo, a portaria, as salas de visita, o jardim conventual e as várias salas de exposição.
O convento é também o local de descanso final de São João da Cruz, um poeta espanhol, cujo mausoléu se encontra na capela do lado do Evangelho, e inclui ainda um centro de espiritualidade, onde são organizados cursos sobre teologia, psicologia e espiritualidade
Atualmente, o convento encontra-se preparado para receber visitas.
Convento das Carmelitas Descalças
O Convento das Carmelitas Descalças é um local de grande importância histórica e religiosa.
Conhecido por abrigar a relíquia de São João da Cruz, o convento foi fundado por Santa Teresa de Ávila em 1568, sendo o primeiro convento de frades carmelitas descalços. A construção do convento foi uma adaptação da igreja pré-existente de construção seiscentista, que foi reconstruída após o terramoto de 1755.
A planta do convento é retangular, composta por um nártex, uma nave octogonal encimada por um amplo domo com tambor, uma capela-mor e corpos adossados.
O convento foi construído em granito, com um exterior de grande simplicidade e linhas depuradas que lhe conferem um aspeto maciço. O interior da igreja é revestido a cantaria de calcário polícromo.
Santuário de La Fuencisla
O Santuário de Nossa Senhora de La Fuencisla é uma igreja católica que abriga a imagem da Virgem de La Fuencisla, a padroeira de Segóvia.
A história do santuário remonta a uma pequena ermida construída no século XIII. No entanto, no final do século XVI, o templo foi considerado de dimensões reduzidas e decidiu-se pela construção de um novo edifício, concluído em 1613.
Em 1709, a sacristia foi construída com traços do carmelita Frei Pedro de la Visitación e a grade do altar-mor, originalmente de madeira, foi substituída por uma de ferro.
O exterior do edifício possui uma porta principal com um arco de meio ponto encimado por um frontão triangular. O templo é de planta central quadrangular. A igreja é coberta por uma cúpula sobre pendentes. O retábulo do século XVIII está encimado por uma tela representando a Assunção por Ribera.
Museo Real Casa de Moneda de Segovia
O Museo Real Casa de Moneda, também conhecido como Real Ingenio de Segóvia, é um edifício histórico construído no século XVI. Foi fundado por Felipe II e projetado pelo arquiteto Juan de Herrera, tem sido a sede da primeira casa de moeda mecanizada em Espanha.
A Real Casa de Moneda é reconhecida como um dos edifícios de arquitetura industrial mais antigos de toda a Europa. O edifício foi projetado para abrigar uma moderna maquinaria, conhecidas como “ingenios”, bem como os diferentes departamentos do processo industrial. O novo sistema de fabricação produzia moedas de forma mecanizada e em série, sendo precursora em mais de duzentos anos das modernas fábricas da revolução industrial.
Em 1771, o sistema de acuñación inicial, de rodillo hidráulico, foi substituído pela prensa de volante. Esta foi introduzida em Espanha desde França pela nova Casa Real, os Borbones. A terceira e última tecnologia que albergou a Real Casa de Moneda de Segóvia foi a de acuñación mediante prensa automática.
Após a sua reabilitação, realizada entre os anos 2007 e 2011, o edifício foi convertido num museu onde se pode percorrer a história da moeda na cidade.
Para Comer
Segóvia é um destino gastronómico conhecido como o epicentro do “asado castellano”.
Numa panóplia de pratos típicos, destacam-se o cochinillo de Segovia (leitão assado), o lechazo asado (cordeiro assado em forno de lenha), os judiones de la Granja (guisado de feijões kingsize), a trucha segoviana (truta dos rios de Segóvia), o chorizo de Cantimpalos (enchido), e o ponche segoviano (bolo de recheio cremoso).
Ao longo da Calle Real existem diversos restaurantes e esplanadas, bem como na Plaza Azoguejo, na Palaza Mayor, e nas proximidades do aqueduto.
Nós escolhemos o bar/ restaurante El Sitio localizado na Calle de la Infanta Isabel, próximo da Plaza Mayor, um espaço muito agradável e acolhedor, no qual provamos a tábua ibérica, as patatas revolconas (puré de batata temperado com pimentão e torresmos), ovos rotos, bife grelhado e, para sobremesa, o ponche segoviano.
Preço: 98€ (2 adultos+2 adolescentes)
Para Ficar
Em Segóvia, ficámos na Casa de Los Linajes, também conhecida como Hotel Exe Casa de Los Linajes, um hotel de charme localizado no centro histórico de Segóvia.
O hotel está situado num edifício que data do século XVI, cuidadosamente restaurado para manter muitas das suas características originais. Todos os quartos têm decoração individual com móveis de época.
O hotel está rodeado pela histórica zona de San Esteban e os hóspedes podem desfrutar do ambiente aristocrático durante a sua estadia. A Casa de Los Linajes está apenas a cinco minutos a pé da Plaza Mayor, desfrutando de todas as vantagens de estar no centro, mas, ao mesmo tempo, suficientemente discreto para gozar da tranquilidade e do encanto desta cidade-património.
Preço: 155€ (2 quartos duplos + PA + Estacionamento) / dezembro – fim de semana