Em agosto 2019, fomos conhecer a Serra do Açor e os seus magníficos recantos. Quando vamos para a serra, normalmente, corremos o risco de presenciar paisagens fantásticas. Aqui não é exceção. As paisagens são arrebatadoras, os terrenos moldados pela Natureza são incríveis e a atmosfera é maravilhosa.
A Serra do Açor está localizada na Cordilheira Central, entre a Serra da Lousã e a Serra da Estrela. Neste imenso território cabem os concelhos da Pampilhosa da Serra e de Arganil na sua totalidade e, parcialmente, os concelhos da Covilhã, Seia, Oliveira do Hospital e Góis.
Classificada como Paisagem Protegida, a Serra do Açor é uma zona montanhosa predominantemente xistosa, com uma área florestal diversificada, atingindo os 1349 metros e altitude.
Neste concentrado de beleza natural abrigam-se riachos de águas límpidas e lindíssimas, povoações que merecem ser descobertas.
Numa viagem de um dia, bem aproveitado, deu para conhecer um grande número de pontos de interesse.
Sobral de São Miguel
A origem desta aldeia remonta à era romana, associada às antigas rotas comerciais.
As casas tradicionais possuem uma arquitetura simples, cujo destaque vai para os balcões e varandas soalheiras, normalmente sombreadas por videiras.
Percorremos as longas ruelas da aldeia até à Igreja Matriz de Sobral de S. Miguel com a torre sineira erguida no ano de 1937. A aldeia também tem uma capela em homenagem a Santa Bárbara, mandada erigir pelos mineiros em 1938.
Passámos pelo lagar de azeite, o moinho e pelos vários fornos comunitários.
Ponte das Três Entradas
Uma localidade estrategicamente encaixada num vale profundo da serra, uma bonita localidade para apreciar o rio Alva e a interessante ponte com três tabuleiros, ao que parece, única na Europa.
Aldeia das Dez
Antes de chegar à aldeia parámos num bonito miradouro, com belas vistas sobre o vale do Alva, onde aproveitámos para fazer um pic-nic.
Esta aldeia está localizada num alto, sobranceira ao rio Alvoco. Por causa da sua localização é apelidada de “Miradouro Demorado”, pois possui uma vista privilegiada para as serras envolventes. Aqui, cada casa, cada rua e cada largo é um miradouro, onde podemos desfrutar da maravilhosa paisagem.
A Aldeia das Dez detém um património construído impressionante, com destaque para a Igreja Matriz, cujo interior está decorado com vistosa talha dourada, juntamente com esculturas e pinturas que embelezam o interior do edifício.
Os encantos da aldeia também residem nos bolos tradicionais, os coscoréis e cavacas confecionadas à moda da Aldeia das Dez, bem como o licor de medronho, cujo fruto é abundante na zona.
O Cruzeiro do Largo da Fonte, construído em 1661 e restaurado em 1960, também é algo que vale a pena visitar. Aqui, as “Pequenas” ficaram encantadas com a cabine telefónica, muito ao estilo londrino e logo quiseram experimentar fazer uma chamada telefónica a partir de uma cabine. Uma primeira experiência muito divertida. Tão bom, vê-las somar experiências!
Avô
Uma aldeia, de dimensões consideráveis, que vale a pena conhecer, quer pela hospitalidade das suas gentes, quer pela zona ribeirinha, que possui uma fantástica praia fluvial.
Vila Cova de Alva
É uma aldeia marcada pela dimensão dos seus edifícios e espaços públicos e que possui o maior conjunto monumental, onde outrora existiu um convento.
Começámos a visita pelos espaços públicos da aldeia, como o Largo da Igreja Matriz e do Pelourinho, onde coabitam dois solares do séc. XVII, o Solar dos Condes da Guarda, o Solar Abreu Mesquita, o edifício dos Osório Cabral e ainda a Rua Quinhentista.
Vila Cova de Alva é uma aldeia de apreciável dimensão, cujo material de construção predominante é o xisto, e que recorre ao granito para os elementos nobres das construções.
Benfeita
Esta é uma das “aldeias brancas” da Rede das Aldeias do Xisto. É a única aldeia no mundo que exalta a paz com uma torre, um sino e um relógio, que celebra, todos os 7 de maio, o fim da II Guerra Mundial com 1 620 badaladas.
Percorremos as ruas e sentimos a frescura das duas ribeiras, a do Carcavão e a da Mata. No recuperado moinho do Figueiral e alambique, ainda é possível ver como antigamente se aproveitava a força da água. Do outro lado da rua, passámos pela Igreja Paroquial, pelo atelier da Feltrosofia, onde se fazem artesanalmente peças de feltro com um design inovador e pelo centro documental, na recuperada Casa Simões Dias.
Maior que o tamanho da aldeia, é a religiosidade da sua população visível nas inúmeras capelas e alminhas ali existentes.
Fraga da Pena
A Fraga da Pena é um local verdadeiramente encantador, um sítio bucólico e ao mesmo tempo romântico. Tranquilo, que é como se quer, por estas bandas. É um dos ex-libris da Serra do Açor.
Uma queda de água, com 200 metros de altitude, que jorra pela encosta de xisto, acumula-se num perfeito lago e escorre pelo regato serra abaixo.
O local encontra-se a cerca de 100 metros da estrada, seguindo um caminho de xisto, claramente identificado.
Pardieiros
Bonita aldeia localizada entre a Fraga da Pena e a Mata da Margaraça, um sítio para fazer uma paragem, por exemplo, para comer alguma coisa, ou então, para observar a paisagem, uma vez que oferece vistas muito bonitas sobre a serra, dada a sua localização.
Mata da Margaraça e Trilho de Interpretação
A Mata da Margaraça constitui uma das maiores zonas de vegetação autóctone mediterrânica, com exemplares como o carvalho, o medronheiro, a aveleira, a cerejeira, a madressilva, o martagão, o ulmeiro e a urze (cujo pólen dá um paladar tão característico ao mel da Serra do Açor), a par de uma elevada cobertura de musgos, líquenes e fungos, são espécies em abundância que por lá se podem observar. No que toca à fauna, é de salientar o açor, a coruja do mato, o gavião, a águia de asa redonda, a gralha preta, o pombo torcaz, a rola e o dom-fafe que fazem da Mata a sua casa.
Uma das melhores formas que encontrámos para explorar a Mata foi fazer o trilho interpretativo, que começa na estrada, junto ao Centro de Interpretação, e desce até ao rio, passando pela Casa da Eira e pelas azenhas, numa caminhada de cerca de 15 minutos, bem sinalizada. No final do percurso, encontrámos mais uma cascata surpreendente, envolta numa vegetação luxuriante muito bonita.
Fajão
É uma antiga vila, encaixada numa vertente da serra, a alguns metros de altitude, entre gigantescos penedos de quartzito, sobre o rio Ceira, com uma vista absolutamente arrebatadora, num cenário de paz e tranquilidade.
A aldeia exibe casas em xisto, exemplos da arquitetura típica da zona, que foram recentemente requalificadas para obter uma atmosfera mais pitoresca. Passeámos pela malha urbana complexa, que conflui de forma sinuosa, para o adro da Igreja Matriz.
Percorremos as ruelas devagar, para apreciar a ligação entre o xisto e as madeiras, a cor das paredes, os telhados em lousa e as carpintarias de linhas sóbrias. Vale a pena apreciar as aldrabas, os postigos e cercas, as cimalhas e as paredes curvas, as fontes ou as varandas, são de uma beleza notável.