Um enorme manto de nevoeiro cobria os cumes e vales de um dos pontos mais bonitos em Portugal. Era novembro e estávamos na Serra da Estrela. Tinha chegado a altura ideal para fazermos o lindíssimo Trilho das Faias, o momento exato em que as árvores se enchem de cores sensacionais e o trilho se cobre de um manto folhoso incrível.
Foi no seio de uma paisagem desconcertante e uma atmosfera incrível que nos aventuramos por um dos mais belos cenários de montanha. Descrever o trilho das Faias não é fácil, todos os adjetivos são poucos para o caracterizar, bem como todas e quaisquer palavras que possamos usar, contudo, temos de fazê-lo e temos de conseguir passar para além da descrição, as sensações que o mesmo desperta. Começamos a escrever, mas…. parecia que nada saía. Foi então que a “Pequena” nos disse “Eu escrevo”. E escreveu, e descreveu tão bem que resolvemos colocar neste artigo as suas palavras. Ora vejam!
“O Trilho das Faias é um percurso circular emocionante com cerca de 5km que nos mostra que o outono é uma estação bucólica, mas ao mesmo tempo repleta de cores, cheiros e sons, e que nos proporciona sensações únicas.
Depois do almoço acelerámos pela estrada de montanha até ao pequeno parque de estacionamento onde estão colocadas as primeiras placas do trilho. Calçadas as sapatilhas de caminhada, esperava-nos uma ligeira subida. Primeiro contornámos a encosta e só depois o terreno inclinou ligeiramente. A vista ainda não era sublime, pois fomos contemplados com um grande nevoeiro, mas que no fundo conferiu uma particularidade muito interessante ao cenário. Parecia que tínhamos entrado num cenário encantado, um daqueles retirado dos livros de histórias dos elfos, das fadas e das bruxas… Que misterioso, tão surpreendente!
Um quilómetro e tanto depois, começaram a aparecer as altas árvores escuras, como se estivéssemos numa densa floresta no Canadá, só que sem neve. O percurso assim continuou por algum tempo, até que avistámos o que seria o ponto mais alto do percurso. Uma pequena clareira enevoada, com uma pequena torre de vigia, circundada por grandes pedras. À nossa frente avizinhava-se um caminho a descer, e nada de árvores. Prosseguimos com cuidado, não fossem as pedrinhas soltarem-se. O terreno entrava agora numa outra floresta, a tão aguardada floresta das faias.
As árvores erguiam-se, pintadas de amarelo, vermelho e laranja, e o chão estava agora coberto destas lindas folhas. A paisagem parecia tirada de uma bela pintura ancestral, de um mundo puro e colorido longe, muito longe daqui. A imagem de um belo outono, com todos os seus atributos e características, complementada pela brisa de estarmos ali mesmo, a sentirmos aquele local e aquele momento encantador!
Saímos da floresta das faias e entramos numa outra repleta de gigantes árvores, os majestosos pinheiros de Oregon. De repente, o nevoeiro adensou-se e a magia voltou a repetir-se: estaríamos num outro cenário encantado? Parece que sim, pelo menos, foi assim que o sentimos.
Descendo alegremente por entre tão altas espécies, chegamos a uma nova clareira. Para trás tinham ficado cenários verdadeiramente deslumbrante. A partir dali, seguiu-se uma subida bastante longa e um pouco exaustiva. Passámos ainda ao lado de um belo riacho, e por uma casa de pedra que, curiosamente, tinha uma pequena eólica e painéis solares.
As pernas já doíam e, quando conseguíamos avistar o cimo da encosta, demos com uma vista privilegiada para o vale. Do céu nublado abria-se, agora, uma oval que deixava passar leves raios de sol que inundavam as aldeias.
À chegada encontrámos dois grandes cães da raça da Serra da Estrela que nos vieram felicitar pelo percurso terminado. Este é um dos sítios que nos mostra que a Natureza é maravilhosa e que durante esta altura do ano, podemos ver como uma montanha se transforma numa paleta de cores e luzes vibrantes”.
Informação útil
Distância: 5,6 km
Duração: Cerca de 3h
Tipo de percurso: Circular (sentido aconselhado: ponteiros dos relógios)
Dificuldade Técnica: Média
Local de Partida/Chegada: Cruz da Jogadas/ Manteigas
Coordenadas GPS do ponto de Partida/Chegada: 7º30’58.95″W 40º25’24.79″N
Quando Ir:
Todas as estações são boas para fazer o trilho, mas na nossa opinião, no mês de novembro é a melhor altura por causa da tonalidade das folhas das árvores.
O que levar:
- Mochila leve com o necessário, nomeadamente, comida e bebida.
- Calçado adequado a caminhadas em montanha.
- Roupa adequada ao tempo. É a Serra da Estrela e, por conseguinte, o tempo poderá mudar rapidamente. Portanto, convém ir prevenido, tanto para o frio, como para o calor.
- Uma máquina fotográfica ou um smartphone para registar os locais.
- Um saco para trazer o lixo que, eventualmente, se faça.
Para Ficar
Casas Estrela (Sabugueiro)
Localizadas na Aldeia do sabugueiro, este alojamento local é perfeito para quem procura uma estadia acolhedora, em família ou entre amigos, e com todas as comodidades.
O alojamento integra um conjunto de várias casas de diferentes tipologias. Nós ficamos na Casa Ferreira, uma casa T3, mesmo no centro da aldeia, junto à igreja, e pagamos por duas noites 200€.